Em função dos últimos acontecimentos em Brasília, quando se descobriu uma tentativa de ato terrorista, sinto-me compelido a retomar o tema do artigo da semana passada. O empresário paraense, George Washington Souza, que foi preso e confessou sua participação na tentativa de explodir um caminhão tanque no aeroporto de Brasília, e que participava do acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército, disse que não agiu sozinho.
Disse também que a ação pretendia por bombas em postes de transmissão de energia e que o objetivo era causar o caos em Brasília para criar condições para o estado de sítio. O que evitou uma tragédia, foi o fato do motorista do caminhão ter chamado a polícia.
No endereço de George Washington em Brasília, foi encontrado um verdadeiro arsenal. Dois outros participantes do acampamento e que estavam envolvidos na ação já foram identificados.
Ontem pela manhã, a PM desarmou cerca de 40 Kg de explosivos encontrados em área de mata no município do Gama, a cerca de 25 quilômetros da área central de Brasília. Ainda não se sabe sua relação com os artefatos encontrados no aeroporto
Por mais que maior parte da imprensa o identifique como empresário, em seu depoimento à polícia ele disse ser gerente em um posto de gasolina, no interior do Pará. Se isso for verdade, como ele investiu mais de R$ 160 mil na compra de armas? Como financiou a viagem com a família até a capital federal? Isso precisa ser esclarecido para sabermos quem está financiando essas ações. Podemos constatar a omissão das instituições militares em relação aos acampamentos que, como já sabemos, abrigam todo o tipo de alucinados e/ou criminosos.
Por fim, estamos assistindo atônitos o silêncio da maior autoridade brasileira sobre a tentativa de ato terrorista. Nenhuma condenação, absolutamente nada até o momento. Principalmente porque o terrorista cita o presidente como fonte de inspiração para seus crimes.
Esse silêncio, em última instância, soa como apoio, como incentivo para que outros façam o mesmo.
Afonso Pola é sociólogo e professor.