São 365 dias num ano - 366 quando se leva em consideração os anos bissextos. Destes, dois são dedicados aos nossos progenitores - um para as mães, outro para os pais. Mas é um dia para além de meias, gravatas, ferramentas e clichês, mas para uma reflexão sobre o papel do homem de hoje na criação de sua família.
Um levantamento do governo federal apontou que, entre janeiro e abril deste ano, 56,7 mil crianças nasceram sem o nome do pai em suas certidões de nascimento, segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen). Um aumento na comparação com o mesmo período no ano anterior, quando foram 53,9 mil casos em todo o país.
Fala-se muito sobre a defesa da família tradicional. No entanto, milhares de crianças sofrem não apenas com o abandono parental, mas também padecem da violência doméstica, do infanticídio: a medida da violência e da hipocrisia estão na mesma régua.
E, apesar de todo o descaso, do esquecimento e da violência, estas vidas florescem - com resultados diferentes. Lançados à sorte no mundo, encaram-no de volta e podem vencer ou perder, tornando-se o primeiro capítulo de suas próprias histórias, e não a mera continuação de uma saga alheia. Florescem com o cuidado de suas mães, de seus tios e avós, com seus amigos e cônjuges.
A recente promulgação da lei que aumenta de cinco para 20 dias o período para que pais possam acompanhar o nascimento de seus filhos, aprovada pela Câmara Municipal de Mogi das Cruzes e válida para servidores da Prefeitura, é um passo fundamental para reconhecer a importância do pai para além do antigo papel de provedor e disciplinador de última instância. Mais do que romantizar a paternidade, é preciso fazer por merecer o respeito e autoridade que estas três letras carregam consigo - e é isso que se espera de todos os progenitores.
Ser um pai é ser um modelo para o bem e para o mal, um arcabouço de experiências de vida que não se ensinam em escolas ou em rodas de amigos, um ponto de referência no mar de incertezas que todos vivem em suas jornadas pela vida. Que o domingo seja um lembrete do que ser pai é, de fato.