Em jornalismo diário costumamos estruturar as notícias em uma técnica que chamamos de pirâmide invertida. De forma resumida, pegamos as informações mais atuais de uma história e colocamos nas primeiras linhas da reportagem, para que o leitor já possa entender o que está havendo com determinado assunto. A isso também é dado o nome de hierarquização da notícia. Sempre partindo da base, ou tema mais atual, até chegar nas informações complementares, o que no caso seria o topo da pirâmide.
Podemos adaptar essa técnica de redação ao crime de venda de drogas. É praticamente um consenso entre a Polícia Civil e Militar do Alto Tietê que a venda de entorpecentes é a base para a maioria dos demais delitos. Teoricamente, o sujeito que experimenta um alucinógeno ou psicotrópico, acaba fazendo, às vezes, a convite de um conhecido.
O problema vem depois porque, se o sujeito deseja uma segunda rodada, ele vai ter que pagar, e daí pode surgir o vício. O comércio de entorpecentes é ilegal, diferentemente do que ocorre com o cigarro e o álcool, que também trazem dependência, destroem famílias e podem levar à morte. Mas estas são as chamadas drogas legalizadas, os entusiastas do tabaco e das bebidas alcoólicas podem encontrar esses produtos nos supermercados e padarias, se fartando sem o menor constrangimento, entretanto há a cobrança de impostos em cima disso.
Com o as drogas ilícitas ocorrem o contrário. O "comprador" não tem a lei ao seu lado, e nem sempre tem dinheiro para adquirir o produto, e, portanto, acaba cometendo crimes maiores para se satisfazer. Em situações como essa, já no topo da pirâmide, o usuário parte para assalto e pode matar uma pessoa por causa de um celular.
Já passou da hora de olharmos para essa questão de forma mais concreta, a polícia realiza o trabalho de apreensão e prisão de traficantes, mas em pouco tempo eles voltam para as ruas. Ou se encontra uma saída de vez para frear a entrada de entorpecentes ou uma solução mais radical de taxar o uso dos entorpecentes, acabando com a figura do traficante. Do jeito que está não pode continuar.