O Senado tem se tornado o maior palco brasileiro dos últimos meses. O local onde ocorre o julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) já viu de tudo, desde discussões, debates acalorados, depoimentos sem sentido, respostas fora de contexto e, agora, crises de choros.
Primeiro foi a advogada Janaina Paschoal, que é uma das autoras do pedido de impeachment. Em seu discurso, ela chorou e pediu desculpas à petista, dizendo que sabe do mal que cometeu à pessoa dela, mas que espera que a mesma entenda que sua atitude foi para salvar os netos da presidente. Pronto, o teatro da advogada, que poderia muito bem apenas ter falado do processo e se retirado, repercutiu.
Se tem choro de um lado, tem de outro também. O advogado de defesa, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo chorou em seguida. Ele disse que está envergonhado com a frase de Janaina e lamentou sobre o depoimento que acabara de ouvir no Senado.
Outra cena de teatro deste julgamento foi o abraço de Dilma no senador Aécio Neves (PSDB). Os dois sorriram um para o outro minutos depois de estarem frente a frente no julgamento. Foi como ocorre hoje em dia nos confrontos entre Brasil e Argentina, onde no fim do jogo ou na saída para o intervalo os jogadores deixam a rivalidade de lado e se abraçam amigavelmente.
A verdade é que a situação de Dilma está praticamente decretada, mas os políticos estão mantendo a postura e cumprindo a legislação. Todo choro ou abraço que aconteça no Senado não deve modificar a situação. Até porque, a essa altura, se os senadores mudarem de posição, demonstrarão uma tremenda falta de coerência com suas opiniões. Ou seja, o fim da história já está escrito, o que vale talvez é o prêmio de melhor ator ou atriz nesse filme.
Aliás, a bancada que apoia Dilma, inclusive, é digna de prêmio. As duas senadoras (Vanessa Grazziotin e Gleisi Hoffmann) que defendem a presidente afastada já demonstraram que jamais nesta vida irão contra a petista. Os argumentos e defesas são parecidos com o de torcedores fanáticos por seus times, aqueles que não aceitam perder um debate, mesmo que tenham que mentir ou fingir que não viram o que ocorreu.
Para concluir esta peça trágica da história política não falta mais nada. A situação tanto se parece com uma ficção que já está no Senado uma diretora de cinema que produzirá um filme sobre o impeachment de Dilma. Ou seja, todo esse drama que estamos vendo realmente estará, em breve, em um cinema perto de você.