Conhecer novas culturas, paisagens e se divertir, geralmente é o que procuram aqueles que embarcam em grandes viagens. Mas Andreza Teixeira e o marido Ernesto Stock fizeram mais: partiram para a Ásia em busca de expressões artísticas e encontraram, em Siem Reap, no Camboja, uma escola de artes que desafiava as condições da região. Lá iniciaram um intercâmbio cultural com alunos de artes mogianos, e crianças cambojanas.
O casal, que se preparou por um semestre para realizar sua aventura de três meses pelo oriente, visitou diversos países da Ásia, incluindo o Vietnã e a Tailândia, e encontrou, no noroeste do Camboja, na pequena Siem Reap, a possibilidade de realizar um sonho: intermediar o contato de crianças de culturas diferentes, por meio de desenhos e pinturas. "Criei essa ideia há dez anos, quando fiquei por um mês em uma ilha no sul da Bahia. Lá, percebi como as crianças tinham percepções diferentes das nossas, a partir das paisagens e culturas com a qual viviam", contou Andreza.
A partir daí, ela, que é educadora de artes e possui um ateliê em Mogi das Cruzes, resolveu incluir este objetivo em sua viagem ao Camboja. Naquele país, a escola de artes Small Art, aceitou o convite. O estabelecimento atende gratuitamente cerca de 300 crianças de 5 a 18 anos, sob o comando da professora japonesa Tomoko Kasahara, 65. E as primeiras pinturas para as crianças brasileiras foram feitas e entregues nas mãos do casal, com o seguinte acordo: que seriam enviados em breve, por correspondência, os desenhos e pinturas dos alunos mogianos.
"A proposta é fazer com que as crianças compreendam a cultura de cada um, e isso fica mais fácil quando é um diálogo de criança para criança", contou Andreza, que dá aulas para alunos de 3 a 15 anos. "Trouxemos as pinturas para meus alunos e é muito interessante como tudo é novo para eles. Da arquitetura às vestimentas, dos animais às cores, tudo representa um universo novo", compara.
Agora os estudantes daqui estão prontos para se corresponderem com os cambojanos, após terminarem todas as pinturas que serão enviadas. "O desenho é totalmente livre e eles desenharam todo tipo de coisas que estão inseridas na nossa cultura, como personagens de videogames, temas de mangás, e várias outras".
Para continuar trazendo cultura a seus alunos, o mesmo intercâmbio foi estabelecido com uma professora de aquarela na Malásia, Lisa Lee e uma Ong de Bangkok, na Tailândia. "Iniciamos o projeto com os alunos do Camboja, por que a Tomoko fala inglês e tivemos melhor acesso, mas o intercâmbio cultural com os cambojanos termina neste mês de agosto, e iniciaremos com alunos da Malásia e depois da Tailândia", concluiu. (RCJ)