O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse ontem que a discussão sobre as propostas de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff tem tido impacto na confiança dos setores econômicos. Para ele, trata-se de um processo grave, "com consequências danosas para o País".
"Certamente não será bom para o ambiente econômico a própria discussão, como ela está sendo feita. Não tenho dúvida de que essa própria discussão tem levado à diminuição da confiança", ressaltou Cunha, ao participar de um almoço com empresários na capital paulista.
O deputado destacou que, embora tenha anunciado o rompimento com o governo federal, analisará eventuais pedidos de abertura de processo de impeachment com base em fundamentos legais. "Eu vou separar muito bem isso. Vou ter até uma cautela, para não antecipar meu julgamento, ou parecer que qualquer tipo de posicionamento tem a ver com a mudança do meu posicionamento político, que eu anunciei publicamente."
Na semana passada, Cunha despachou os 11 pedidos de impeachment da presidente de volta aos autores, para que sejam reformulados segundo os requisitos do regimento da Câmara, antes de ser apreciados pela Mesa Diretora.
No encontro com os empresários, a política econômica do governo foi criticada diversas vezes por Cunha, que classificou o ajuste fiscal de "pífio". Para ele, não está claro quais são os objetivos das medidas anunciadas ao longo deste ano. "Não adianta só você impor à sociedade sacrifícios. Você tem que dizer à sociedade o que vai acontecer depois dos sacrifícios, qual é o norte", ressaltou.
Do lado de fora do hotel onde foi realizado o evento, um grupo levou uma faixa para protestar contra Cunha, em relação ao posicionamento favorável à redução da maioridade penal. "Hoje, o Cunha é o inimigo número 1 da juventude brasileira", afirmou a militante do movimento Juntos, Camila Souza.
A estudante de Ciências Sociais também lembrou as denúncias envolvendo o deputado na Operação Lava Jato, que investiga irregularidades em contratos da Petrobras. "Queremos que ele deixe a presidência da Câmara", disse Camila.
Cunha não respondeu às perguntas dos jornalistas sobre as acusações que envolvem seu nome na operação. Segundo ele, por orientação do seu advogado.
"Ele acha que eu falo demais", desconversou.