No serviço público você sempre vê o mesmo assunto, mas é impressionante como cada mente enxerga este mesmo assunto de maneiras diferentes". A definição é do diretor-geral do Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae), Glauco Luiz Silva, que está à frente da autarquia, a convite do prefeito de Mogi, Marcus Melo (PSDB), desde julho de 2018. Silva recebeu o Mogi News em seu gabinete para uma entrevista especial. Em pauta, o desafio de gerir uma das áreas mais sensíveis da administração pública mogiana: o tratamento e a distribuição de água. Os números do Semae são bem significativos. A autarquia é formada por um time de 400 funcionários e ostenta um orçamento anual de R$ 200 milhões. "É o mesmo orçamento de Campos de Jordão", comparou Silva, rindo.
O comandante do Semae garante que a empresa, considerada um dos patrimônios de Mogi das Cruzes, está andando nos trilhos. Ele atribui esta estabilidade aos cinco anos em que Marcus Melo dirigiu a autarquia. Hoje, Silva, que possui uma experiência de mais de 15 anos no poder público, mantém o controle e as contas do Semae em dia. Tanto que ele garantiu que, diante da situação atual da autarquia, não há hipótese da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) entrar na cidade.
"Eu e o prefeito estivemos na Sabesp recentemente para pleitear algumas coisas. Na ocasião, fomos atendidos pelo superintendente da Sabesp, o Benedito Braga, e ele disse que eles (Sabesp) sempre olharam com muito carinho para Mogi. Nosso encontro foi bem na época em que a Sabesp havia acabado de entrar em Guarulhos e Santo André. As autarquias lá estavam com muitas dívidas. Ainda o prefeito brincou e disse: 'lá (Mogi) nós não devemos 1 real e esperamos continuar nesta forma'", disse, rindo.
Com seu jeito simpático, o diretor do Semae fez questão de falar sobre os investimentos futuros da autarquia. "Temos investimentos que vão fazer, cada vez mais, enfraquecer a ligação que ainda temos com a Sabesp. Hoje, em torno de 35% da água que a gente distribui é comprada pela Sabesp. Tudo uma questão geográfica, mas estamos ampliando a quantidade tratada", argumentou.
Atualmente, o Semae tem obras espalhadas pelos quatro cantos de Mogi. Na parte de distribuição, as frentes estão atuando nos seguintes locais: Centro de Reservação da Vila Moraes, Sistema Chácara Guanabara, Sistema de Abastecimento de Água Jundiapeba e Oroxó. Na divisão de tratamento e coleta de esgoto, a autarquia trabalha no esgotamento sanitário do Botujuru, Cezar de Souza e  Sabaúna. Há serviços em andamento pela reforma e modernização da Estação Elevatória de Esgoto Indonésia, além do esgotamento sanitário em núcleos isolados e o projeto de ampliação da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Municipal, fora os investimentos que estão em fase de projeto. "Para se ter uma ideia, nós temos, dentro do Plano Diretor que já está na câmara, o Plano Municipal de Água e Esgoto que visa entregar uma cidade com 100% no fornecimento de água e com 100% de coleta e tratamento de esgoto até 2048. Isso prevendo todo o crescimento imobiliário, demográfico", detalhou.
Entretanto, hoje, o status de Mogi em relação a coleta é de 95%. No quesito tratamento o município, que tem planos para alcançar os 100% em 2048, nos dias atuais, tem 61%. Deste total, 40% são tratados na ETE Municipal e o restante, 60%, são encaminhados à ETE Suzano, que pertence à Sabesp. "Hoje não temos nenhuma reclamação recorrente de falta d'água e muito se deve ao trabalho desenvolvido aqui pelo atual prefeito. Ele me disse que, na época dele, eram 29 pontos com falta de água recorrente e hoje nós não temos mais nenhuma reclamação disso. Temos uma avaliação muito boa junto à população", garantiu.
Silva, que se define como um sujeito avesso às entrevistas, fez questão de mostrar à reportagem, mesmo que de forma resumida, como funciona o sistema de captação e tratamento de água, que é feito em grandes tanques, semelhantes a piscinas. Em cada setor que passava, o diretor ia brincando com os  funcionários e os apresentando (nome, função e tempo de casa). Os servidores  devolviam a saudação na mesma proporção, sempre com um sorriso e a alegria de estar contribuindo com a evolução da cidade. "Estes funcionários são extremamente dedicados. Quem bebe desta água, literalmente, não quer mais sair daqui. Eles vestem a camisa e isso me motiva ainda mais", finalizou.