Outubro é o mês dedicado a uma categoria profissional fundamental: o professor. Ao longo do período, os artigos abordarão os desafios à formação docente, que merece visibilidade, valorização e reconhecimento.

O tema em destaque é o "apagão docente". Segundo projeção do Inep (2022), o Brasil poderá enfrentar um déficit de 235 mil professores até 2040. Esse cenário levanta uma questão urgente: por que os jovens têm sido desestimulados a seguir essa carreira?

Desde cedo, refletimos sobre a escolha profissional. Na Educação Infantil, muitas crianças dizem querer ser professores, motivadas pelo carinho e admiração que nutrem pelos mestres. Porém, essa preferência diminui com o avanço escolar. No Ensino Fundamental, a docência perde espaço para áreas da saúde (entre os mais dedicados) e do universo midiático (entre os que aspiram fama com pouco esforço). No Ensino Médio, ser professor raramente aparece como opção.

Dados da OCDE, responsável pelo exame Pisa, revelam que apenas 2,4% dos jovens brasileiros de 15 anos desejam ser professores. Eles percebem os desafios da profissão: baixos salários, infraestrutura precária, carga horária extensa, múltiplas responsabilidades e a difícil missão de ensinar e educar, especialmente quando a família terceiriza essa função à escola.

Além disso, o ambiente escolar tem se tornado hostil, com episódios de agressão física, verbal e psicológica contra docentes, o que afasta ainda mais os interessados.

O maior problema, porém, é a desvalorização social. Enquanto a comunidade não reconhecer a importância dos professores, a carreira seguirá pouco atrativa. A docência é uma profissão que merece o mesmo respeito dado a médicos, engenheiros e advogados. Afinal, todos esses profissionais foram alfabetizados por professores.

Não é só o apagão de docentes que preocupa, mas o apagão da memória de quem esqueceu o impacto desses profissionais em sua formação como aluno, profissional e cidadão do mundo.


Suéller Costa é jornalista, pedagoga, educomunicadora e pesquisadora. Doutoranda em Educação (FEUSP). Mestre em Ciências da Comunicação (ECA/USP). Especialista em Educomunicação (ECA/USP). Sócia da ABPEducom e APEP. Idealizadora do Educom Alto Tietê. Contatos: @educomaltotiete; @suellercosta