O aborto, seja ele espontâneo ou induzido, representa um evento de grande impacto fisiológico e emocional para a mulher. No caso do aborto espontâneo, muitas vezes associado a alterações hormonais, infecções ou malformações fetais, o corpo sofre desequilíbrios hormonais intensos, perda sanguínea e riscos de infecção uterina. Além disso, há o sofrimento psicológico decorrente da perda inesperada, sentimento de culpa, tristeza profunda e até quadros depressivos e ansiosos que podem se prolongar.

Nos abortos induzidos, além dos mesmos riscos fisiológicos, como hemorragias, perfuração uterina, infertilidade futura e infecções graves, somam-se impactos emocionais complexos. Muitas mulheres relatam arrependimento, sentimento de vazio, luto não resolvido e conflitos internos ligados à decisão tomada. Tais reações psicoemocionais, conhecidas como “síndrome pós-aborto”, podem comprometer de forma significativa a saúde mental e as relações interpessoais.

Sob uma ótica social, a liberação ampla do aborto como opção pode gerar consequências preocupantes. Ao transformar um ato extremo em alternativa corriqueira, corre-se o risco de estimular a banalização da vida e reduzir a responsabilidade preventiva diante da gestação. A comercialização indiscriminada desse procedimento pode abrir espaço para a exploração econômica e ética por parte de alguns profissionais da saúde, além de aumentar o número de gestações não planejadas, por conta da sensação de que há uma “solução imediata” disponível.

Tais mudanças acarretariam ainda riscos à saúde pública, ampliando casos de infecções sexualmente transmissíveis e desestruturando políticas de prevenção e educação sexual. Mais do que uma decisão individual, o aborto carrega consequências coletivas, físicas, emocionais e sociais que precisam ser amplamente debatidas com responsabilidade, empatia e profundo respeito à vida e à dignidade da mulher.

 

Dr. Luiz Felipe Da Guarda é fisioterapeuta e conselheiro Estadual de Assuntos da Pessoa com Deficiência