O divã, um sofá sem encosto, virou um símbolo da psicanálise, após a utilização da mobília por Sigmund Freud. O móvel utilizado, presente de uma paciente de Freud por volta de 1890, se tornou um objeto terapêutico por auxiliar os pacientes durante as sessões.   

Deitado de costas, o paciente fica mais relaxado e se mostra mais à vontade sem o contato visual e percepção de julgamento. Freud compreendeu que a aceitação do paciente em se deitar no objeto, representava sua entrega ao processo analítico. Chamada de associação livre, a técnica consiste no incentivo ao paciente verbalizar todos os pensamentos que lhe vêm à mente, sem censura ou julgamento. 

O divã original de Sigmund Freud, está localizado no Freud Museum London, na Inglaterra. Após fugir dos nazistas em 1938, Freud levou seus móveis e objetos pessoais para sua última residência na capital britânica, onde continuou trabalhando e faleceu em 1939.  

Dependendo da abordagem de tratamento, há analistas que utilizam o divã, enquanto outros não. No formato à distância, há os tradicionais que fazem ligações telefônicas ou os modernos que utilizam plataforma de vídeo. Mas, em geral, ter um paciente se sentindo à vontade para falar é a característica primordial para o tratamento.  

Falando em terapia, o analista, aquele que atende, é um indivíduo que cumpriu o tripé psicanalítico –  análise pessoal, estudo teórico e supervisão clínica. O primeiro, representa a experimentação do processo terapêutico. Há analistas, que descobrem não ter o perfil para clinicar. Outros, apresentam uma aptidão que será desenvolvida.  

Ambos, estão no mandamento de Freud, onde apresenta que a psicanálise não é de um grupo acadêmico, religioso ou intelectual, a psicanálise é livre! Aliás, um curso livre no mundo. Isso não significa que a sua liberdade é uma bagunça. Há fundamento. O tripé psicanalítico, base para a formação, como bem defendida por diversos especialistas no debate no último mês na Câmara dos Deputados. 

 

Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no divã” e “A vida de cão do Requis”.