O século XX, particularmente em sua segunda metade, foi marcado por um intenso desenvolvimento tecnológico e, consequentemente, por profundas transformações. Surgiram grandes metrópoles concentrando imensos contingentes populacionais. O ritmo de vida se tornou cada vez mais acelerado, criando novas necessidades de consumo. Buscamos satisfazer essas necessidades consumindo novos bens oferecidos por toda essa modernidade, com a ilusão de deixar a vida mais prática.

No entanto, isso tem como consequência direta o aumento do sedentarismo. A massificação do uso do carro, elevador, escada rolante e computador, são hábitos que fazem as pessoas reduzirem suas atividades físicas. 

Hábitos como esses, combinados ao estresse imposto por uma sociedade por demais competitiva, tornam mais precoce a incidência de determinadas enfermidades como o derrame e o infarto. Um estudo recente da Universidade de Stanford apontou que, 73% das mortes ocorridas atualmente nos grandes centros urbanos estão relacionadas ao estilo de vida inadequado. 

É importante destacar também o fato de que nosso estilo de vida vem comprometendo de forma desastrosa o meio ambiente, interferindo na qualidade de vida das gerações atuais e futuras. Da mesma forma, a conformação desses aglomerados humanos no grandes centros urbanos trouxe aquilo que os estudiosos chamam de mal do século XX, a solidão. E contraditoriamente, esse é um mal que atinge as pessoas que vivem em cidades grandes, e não em lugarejos isolados. O que significa que a proximidade física produzida pelo adensamento populacional é superficial.

Os males da modernidade não param por aí. Podemos incluir nessa lista as doenças de saúde mental como ansiedade, depressão e síndrome do pânico, e problemas de saúde física como obesidade. Esses problemas são frequentemente atribuídos a fatores da vida moderna, como urbanização, estresse, sedentarismo, dieta inadequada e o uso excessivo de tecnologias digitais.

Uma das características dessa nossa época é o fato de estarmos produzindo problemas num ritmo muito superior à nossa capacidade de produzir soluções para os mesmos. Se não mudarmos isso de forma radical e rapidamente, pagaremos um preço muito elevado.

Precisamos aprender a cuidar da mãe natureza, a mãe de todos nós.

 

Afonso Pola (acelsopp@gmail.com) é sociólogo e professor