De olho na sustentabilidade, nas tendências da moda e na economia circular, os brechós vêm se consolidando no Alto Tietê. Pesquisa realizada pelo Sebrae-SP aponta que a região conta com 211 pequenos negócios do segmento, sendo que 74% desses estabelecimentos são Microempreendedores Individuais (MEIs). O levantamento mostra que os principais produtos buscados pelos clientes são vestuário, calçados e acessórios.

De acordo com os dados do Sebrae-SP, em média, quatro a cada dez clientes costumam gastar entre R$ 50 e R$ 100 em suas visitas aos brechós, enquanto 28% investem entre R$ 100 e R$ 500 em compras. Entre os itens mais buscados estão as roupas masculinas e femininas, que atraem 50% dos consumidores, seguidas pelos calçados (tênis, sandálias, botas), com 46%, e acessórios (bolsas, bijuterias, óculos), com 43%. As roupas de grife ou alta qualidade são o desejo de 42% do público entrevistado.

A gestora regional de Economia Criativa e Turismo do Sebrae-SP no Alto Tietê, Samira Gardziulis, explica que os brechós devem ganhar cada vez mais espaço, estando inseridos no estilo de vida de parte da população. "Há uma preocupação crescente com a sustentabilidade, aliada ao desejo de garimpar e encontrar peças exclusivas por preços mais acessíveis. A sensação de não saber exatamente o que se vai encontrar, e descobrir um item vintage, único ou de marca, é o grande diferencial desse tipo de negócio e um passatempo para os clientes", ressalta.

Os preços mais baixos são os principais motivos que levam as pessoas a comprarem em brechós (71%), seguidos pela qualidade dos produtos (45%) e pela sustentabilidade associada ao consumo consciente (43%). Em relação à frequência das compras, três a cada dez clientes compram em brechós a cada dois meses – em média, seis compras por ano. Outros 22% compram uma vez por semestre (duas compras por ano).

O levantamento também aponta o potencial de crescimento do mercado de produtos usados: apenas 40% das pessoas compram em brechós online, indicando que essa área tem grande espaço para crescer. Já 84% dos entrevistados preferem adquirir as peças em lojas físicas.

"O brechó é um negócio como qualquer outro: exige planejamento e gestão. Esse é um mercado em expansão, especialmente porque há um consumo exacerbado de vestuário e calçados, e essas peças rodam, movimentando a economia circular. Um item que não serve mais para mim pode ser um achado maravilhoso para outra pessoa. Ao abrir um brechó, é fundamental ter clareza sobre o público que se deseja atingir, o que vai definir o nível de curadoria das peças, desde produtos básicos até opções de grife. Existe público para todos", reforça Samira.

Negócio de sucesso

A empresária Floriz Maria dos Reis Borges criou a Dona Flor e seus dois brechós, que completa dez anos de operação em Poá. A ideia de montar o negócio surgiu por acaso, quando a filha se mudou e deixou parte dos itens na casa da empreendedora. "Coloquei uma placa anunciando a venda dos móveis usados e não imaginava que venderiam tão rápido. Comecei a receber peças de vizinhos e o negócio foi crescendo. Hoje, tenho duas lojas: uma dedicada à moda feminina e outra masculina", conta.

A curadoria dos itens é um dos diferenciais dos estabelecimentos que comercializam vestuário, calçados e acessórios. "As peças são bem cuidadas e impecáveis. Lavo e passo todas, elas ficam limpinhas e cheirosas. Por isso, as pessoas entram e compram, inclusive algumas já saem vestindo as roupas", explica Floriz.

O público do negócio é variado, mas a empresária afirma que mulheres e jovens estão entre os que mais garimpam em seus brechós. "Trabalho com itens vintage. A maioria dos jovens está em busca de peças antigas, de qualidade e que são únicas", acrescenta.

Para a empreendedora, uma das dicas para quem deseja investir no setor é não desistir do negócio. "Dificuldades vão existir, principalmente para encontrar peças boas e fornecedores de qualidade, mas é preciso acreditar no seu negócio e em você mesma", conclui.

Pesquisa

A pesquisa Brechós 2025 foi elaborada a partir de duas sondagens: a primeira apresenta as estatísticas que caracterizam o varejo de produtos usados (brechós) no estado de São Paulo, enquanto a segunda revela os resultados de uma pesquisa de campo realizada com 400 consumidores de brechós, com coleta de dados realizada entre 23 de abril e 4 de maio de 2025.