Ontem foi dia 12 de junho. E se por acaso você, ao ler o título deste artigo, imaginou que ele trata sobre o "Dia dos Namorados", está enganado. Nesta data também é celebrado o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, que foi instituído pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2002, ano da apresentação do primeiro relatório global sobre o trabalho infantil na Conferência Internacional do Trabalho. Desde então que a OIT convoca a sociedade, os trabalhadores, os empregadores e os governos a se mobilizarem contra essa cruel forma de exploração.
O trabalho infantil é um dos mais graves problemas do nosso país, e em várias partes do mundo. De acordo com dados da OIT, 160 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos foram vítimas de trabalho infantil no mundo, sendo 97 milhões de meninos e 63 milhões de meninas. Ou seja, uma em cada 10 crianças e adolescentes ao redor do mundo se encontravam em situação de trabalho infantil.
No caso do Brasil, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) sobre Trabalho de Crianças e Adolescentes, indica a existência de 1,768 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil. Quase 5% da população (38,3 milhões) nesta faixa etária. E o ainda mais grave. Uma parcela deles trabalha em atividades penosas ou então em condições análogas à escravidão.
O uso da mão de obra infantil no Brasil tem como objetivo o lucro. Sem contar que a inserção precoce no mercado de trabalho está diretamente ligada aos elevados índices de desistência nas escolas. Quando a sociedade se omite, ela está contribuindo de forma decisiva para que essas crianças e jovens reproduzam a condição de miséria de seus pais.
Diversos segmentos sociais se beneficiam desse tipo de exploração ou estimulam essa prática com justificativas que não permanecem em pé diante de meia dúzia de argumentos. A prolongada crise econômica e a pandemia acabaram empurrando ainda mais crianças e jovens para atividades laborais.
Afonso Pola é sociólogo e professor.