A imprensa começou a divulgar acusações de funcionárias da CEF de assédio sexual de Pedro Guimarães, então presidente da CEF. Pedro é uma figura bastante conhecida e midiática, sempre atrelado ao presidente da República. Você conhece o presidente do Banco do Brasil, do Itaú, do Bradesco ou do Santander? Provavelmente não, mas todo mundo conhece Pedro Guimarães, o presidente da CEF, um banco estatal que concentra benefícios sociais, vitrine para o governo que quer que a Caixa tenha um rosto, o rosto de Pedro.
Com as denúncias de assédio esse rosto agora, está queimado. Na vida pública e política mais importante do que ser honesto é parecer honesto, e quando acusações surgem e colocam em dúvida a imagem, muito se tem a perder. A preocupação, infelizmente não será necessariamente com as mulheres que afirmam ter sido vítimas de assédio, mas com o cargo em si, já que movimenta bilhões de reais e o seu desgaste afeta a imagem do presidente da República, pré-candidato à reeleição que precisa convencer, principalmente, o eleitorado feminino onde encontra a maior rejeição.
Se Pedro cair, cai não pelas denúncias de assédio, mas para preservação da imagem do presidente e pelos interesses difusos na CEF. E isso é lamentável, o assédio sexual e moral é muito mais comum e frequente do que se imagina. A mulher que é vítima não recebe o devido acolhimento, tem medo de reportar o assédio. Para agravar, os episódios nem sempre são explícitos e claros e raramente ocorrem na presença de terceiros, ficando a palavra da vítima contra a do agressor.
É claro que no Estado Democrático de Direito é assegurado ao acusado a ampla defesa e o contraditório, mas quando se ocupa um cargo público de confiança, a melhor saída política é a imediata exoneração ou a famosa saída à pedido, como se deu com o ministro da Educação Milton Ribeiro. Enquanto não deixar o cargo, Pedro e principalmente o pré-candidato e presidente da República, terão mais um desgaste público que atrapalha o projeto de reeleição. Mas e as vítimas?
Cedric Darwin é mestre em Direito e advogado.
