A corrida eleitoral não é mais uma conjectura, é uma realidade. Lideranças políticas estão visitando nossa região a intervalos cada vez mais curtos, cientes do potencial dos mais de 1,1 milhão de votos que o Alto Tietê possui, segundo levantamentos do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP). Mas a disputa eleitoral é uma via de mão dupla: o que os candidatos tem a oferecer?

Independentemente do que eles possam oferecer, há um artigo que está em alta demanda em nossa região: a melhoria no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Não é mais uma questão retórica, conceitual: a pandemia do coronavírus (Covid-19) mostrou, primeiramente, a necessidade primordial de um sistema de saúde de livre acesso, com qualidade e apto a receber a demanda. Os planos de saúde, para aqueles que ainda possuíam condições para pagar mesmo depois da crise econômica e o aumento do desemprego e piora da qualidade de vida em 2019, não foram capazes de absorver a intensa demanda; os hospitais de campanha, criados em uma medida urgente, oneraram os cofres públicos e se mostraram infrutíferos para várias cidades que adotaram a medida quando veio a segunda onda de contaminações.

Os esforços dos gestores públicos, aliados ao trabalho devoto de milhares de profissionais - médicos, enfermeiros, auxiliares de todos os setores - impediram que a tragédia de mais de 650 mil vítimas, sendo mais de 6 mil no Alto Tietê, fosse ainda pior. Mas não basta lembrar dos mortos e celebrar os enfermeiros, que tiveram seu dia mundial celebrado nesta semana: é preciso apresentar soluções.

Apelar à valorização da ciência, ao respeito pela opinião da medicina, às medidas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) não são apenas cálculos políticos - são apelos ao óbvio que se revelou no Brasil onde, a despeito da desinformação, do negacionismo e da hipocrisia movida pelo lucro final, a vida resistiu. O fortalecimento da atenção básica de saúde, das entidades filantrópicas, da valorização dos profissionais, não pode ser apenas um cálculo político: é o mínimo que se espera de alguém que irá representar a vontade popular. Qualquer coisa que fuja deste óbvio é insultar a inteligência e o luto de milhares de famílias no Alto Tietê e no Brasil.