Durante a crise econômica brasileira, que já completa seu terceiro ano, sempre se desejou ver o "nascer do sol" da volta aos empregos, do reaquecimento da economia, longe do medo do descontrole da pandemia do coronavírus (Covid-19) que, para evitar a recessão, muitos estiveram dispostos a trocar vidas por dividendos. A alvorada chegou, mas o sol brilha para todos?

O levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) marca mais uma vez um saldo positivo para o Alto Tietê, com mais de 2,4 mil vagas - sendo pouco mais de 136 mil novos empregos registrados em todo o país no mês passado, de uma força de trabalho de mais de 41 milhões no Brasil.

Gestores públicos em todo o país buscam fazer a sua parte: buscam parcerias com a iniciativa privada para qualificação ou fomentam a instalação de novos negócios, como ocorre em Itaquaquecetuba, Suzano, Poá, Mogi das Cruzes e em toda a parte. Esta é uma das atribuições mais nobres de prefeitos e vereadores: promover a dignidade da população ao viabilizar os meios para que possam se sustentar, pagando suas dívidas.

No entanto, a empregabilidade sem a valorização do salário do trabalhador acaba roubando o sabor da vitória sobre o desemprego e a miséria. A perda do poder de compra do trabalhador, de 21% em três anos, segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), somando o avanço da inflação no período, mostra que a economia brasileira apresenta um estado de eterna ansiedade: homens e mulheres trabalhando cada vez mais por salários cada vez menores, sem qualquer tipo de contrapartida por parte do poder público.

Quase todos buscam cumprir a sua parte neste grande acordo nacional que se chama viver em sociedade, como nos ensinaram nos bancos escolares, nos bancos de igreja: que a recompensa vem depois do trabalho árduo. Então, no fim da conta, quem lança as nuvens sobre a alvorada que por tanto tempo esperamos? É apenas a pandemia? É apenas a guerra? Ou há outros fatores que não são vistos ou não querem ser lembrados pela população?