Assistimos atônitos a execução de um jovem de 20 anos por um assassino enquanto tentava defender sua namorada. As filmagens revelam que o jovem se ajoelhou perante seu executor e ao ver sua namorada ameaçada pela arma de fogo, instintivamente saiu em sua defesa quando foi covardemente executado com quatro tiros.

O assassino usava uma moto e levava uma mochila de entregas de um aplicativo. A banalização da violência causa enjoo, a inoperância do poder público mais ainda. Quais são as medidas concretas que a Secretaria de Segurança Pública tem adotado para combater o roubo de celulares, que, não raro, culminam na morte das vítimas? Quais ações concretas contra os receptadores de telefones roubados? Quais medidas são adotadas para regulamentação e identificação dos trabalhadores reais de aplicativos? Nada parecer ser feito enquanto centenas de vidas são perdidas de fora estupida pela impunidade e omissão das autoridades. Quantos entregadores são abordados pela polícia? Quantas operações contra assaltantes que usam motos são realizadas? Esse caso do jovem assassinado causa repulsa, pela covardia do assaltante, por sua frieza, e pelo desprezo à vida.

Certamente, dada à grande repercussão, a Polícia envidará empenho, mas e as outras centenas de vítimas que não foram filmadas sendo executadas?

A orientação de não reagir a assaltos, sempre recomendada pela Polícia, de fato, parecer ser a atitude correta, mas como condenar um jovem que vendo sua namorada sob a mira de uma arma tentou salvar sua vida. Esse jovem, assim como tantos outros, foi condenado à pena de morte, a mesma que a nossa Constituição veda. Além da inflação, desemprego, juros exorbitantes nosso povo vive sob a ameaça do crime. Infelizmente esse jovem não foi o primeiro e nem será a última vítima de um crime tão atroz e repugnante. Nossos mais profundos sentimentos de pesar à sua namorada, aos seus familiares e amigos e nossos mais indignados protestos contra a ineficácia e inoperância da segurança pública. Vítimas são números apenas para o governo, para nós são pessoas amadas que nos foram tolhidas.

Cedric Darwin é mestre em Direito e advogado