Esperança é: mesmo vendo apenas pequenos pontos de luz na escuridão, deixar-se iluminar por completo! Esperança é ter forças para tentar out ra vez, mesmo quando o mundo sugere desistência. Ter esperança é ter a coragem de criar expectativas positivas. É pensar que sempre haverá uma saída. É saber que não há mal ou bem que sempre dure.

A salvo dessa esperança, vive-se um mundo crescentemente individualista e secularizado. E ao se refletir sobre o que fazer, várias alternativas devem ser levadas em conta para que não se caia na dicotomia: esquerda ou direita, se é que estanques existem! Direita, levada em conta como conservadora, como uma disposição pessoal de manter o que aí está; esquerda de mudar,de modo seletivo aquilo que vai de encontro ao interesse dos que querem mudar.

Segundo se comenta, ser de direita, equivale a: preferir o que é familiar ao estranho; preferir o já tentado, a experimentar o fato ao mistério; o concreto ao possível; o limitado ao infinito; o que está perto ao distante; o suficiente ao abundante; o conveniente ao perfeito; a risada autêntica momentânea à felicidade eterna. Opondo-se a tudo isso, lógico, manifesta-se a índole afinada com a esquerda!

Ao se levar em conta todo esse arrazoado, como ficaria o ofício de governar em que ambas as alternativas possam conviver harmonicamente? Pela via da racionalidade, admitir de partida que governar não é impor aos outros suas crenças. Tampouco, educar ou tutelar alguém para que isso seja feito. Governar é fazer com que as pessoas sejas melhores e mais felizes, sem se fixar na alternativa de direcioná-las, incentivá-las a agir segundo um dado padrão de liderança ou coordenar as atividades inerentes de forma que nenhum conflito seja criado. Incentivar o diálogo como forma de aperfeiçoar as diretrizes adotadas pelo sistema.

Em resumo: o ofício de governar é simplesmente garantir que a lei seja cumprida, se criada foi, depois de amplo e enriquecedor debate!

Raul Rodrigues é engenheiro e ex-professor universitário.