Dezembro de 2021. Mais um ano se aproxima de seu final, e o significado da esperança em um ano melhor deixa de ser uma retórica nos discursos de amigos, colegas de trabalho e anônimos nas ruas.

O ano de 2020, semelhante a este, terminou com uma esperança deste pesadelo recorrente e interminável que se tornou nossa civilização, acossada pela ameaça biológica de uma pandemia, e acossada pelas catástrofes diárias causadas por nossa incompetência como espécie: das mudanças climáticas à cada vez mais aparente divisão social e política.

Assim como no ano passado, chegamos ao fim do ano com o otimismo no recuo da doença que já nos levou centenas de milhares de pessoas, entre anônimos e celebridades. Assim como no ano passado, vislumbramos as quedas no número de mortes e de infecções pela Covid-19, coincidindo com o período de férias escolares e compras natalinas: as ruas voltam a ter vida, o comércio começa a tentar se recompor das perdas causadas desde o início da pandemia.

Mas, ao mesmo tempo, novos alertas sobre o recrudescimento da pandemia chegam do exterior: novas ondas de contaminação na Europa e notícias de uma nova variante, de origem africana, preocupam cientistas e governantes sobre seus efeitos em escala global. O silêncio das autoridades federais no Brasil, infelizmente, não é novidade neste cotidiano de uma certeza e muitas dúvidas.

Mas, diferentemente do que sofremos no início deste ano, quando fomos atingidos pelo horror da chamada segunda onda de mortes no Brasil e as macabras imagens de dezenas de mortes apenas no Alto Tietê, temos um ponto diferencial: hoje contamos com a vacina e, acima de tudo, com a experiência de ter passado por momentos mais críticos.

Não há como fugir da sensação de que vivemos dias semelhantes desde março de 2020, quando a OMS decretou a pandemia mundial. Neste pesadelo incessante vimos muitos dos nossos partirem antes da hora. Mas aprendemos a sobreviver e dominar os medos. O Novo Normal não se tratava de aceitar a vida distante sem abraços com cheiro de álcool: se tratava de aprender a como resistir e evoluir em um mundo cada vez mais difícil.