O brasileiro anseia por mudanças. Nosso estado atual não nos agrada. Desemprego, desvalorização cambial, inflação, corrupção, intolerância, violência, carestia e miséria. Olha-se para os governantes na esperança de mudança, olha-se para os pré-candidatos à Presidência na esperança de uma revolução que não virá deles.
Talvez esse seja o nosso grande erro: esperar nos outros aquilo que só depende de de nós. A mudança que queremos não vem dos outros, mas de nós. O ser humano, por comodidade ou falta de responsabilidade, projeta no próximo aquilo que é dever dele. Assim, projetamos nos governantes a responsabilidade pela mudança que desejamos e só. Se nada acontecer, aguardamos a próxima eleição e reelegemos os mesmos ou trocamos por piores gestores.
Primeiro precisamos mudar como pessoas, para depois influenciarmos nossa casa, trabalho, escola, comunidade seja ela qual for. Precisamos ter a consciência plena de que ou mudamos ou continuaremos vivendo o que não desejamos, mas fomos responsáveis. Não somos obrigados a plantar nada, mas tudo aquilo que plantamos iremos obrigatoriamente colher. É assim nas eleições e com seus eleitos, colhemos nas políticas públicas e seus efeitos.
Só teremos bons gestores quando também formos bons gestores. Só termos bons governantes quando também formos bons governantes. Não adianta imputar a quem elegemos a culpa pelas mazelas que sofremos se agimos como eles agem. Antes das próximas eleições será necessário fazer um autoexame antes de votar. O candidato pensa o que eu penso, age como eu ajo, quer o que eu quero, preza pelo que prezo, crê no que eu creio, respeita e valoriza o mesmo que eu? São essas as perguntas e respectivas respostas que devemos obter.
Espero que o Brasil tenha aprendido que não dá mais para votar baseado na impressão, na emoção contra isso ou contra aquilo, são os nossos valores que devem direcionar os nossos votos. Voto útil é aquele que revela o seu caráter, indicando que tipo de gente representa você. Só haverá um bom governo quando o povo for bom, só haverá um bom país quando seu povo for bom o bastante para ter governantes bons.
Cedric Darwin é mestre em Direito e advogado