O leão do dia 7 de setembro virou um gatinho. Parou de rugir nos palanques quando percebeu que ninguém do poder lhe deu crédito ou apoio. A ameaça de greve de caminhoneiros, que levaria ao fim precoce de seu governo, foi abortada pelo próprio presidente. Michel Temer foi o apaziguador e escreveu dez frases para Jair chamar de suas.

Depois de dar dois passos para frente em sua aventura autoritária, isolado, recuou um passo, como sempre faz. Mas a atual situação econômica tem acuado o presidente, quando a verdade se impõe não há mentira que prevaleça, nem ideologia. A verdade é que os brasileiros estão cansados de tantos aumentos nos combustíveis, energia elétrica, alimentos e um certo desabastecimento no setor automobilístico, falta até carro zero.

O jantar com a presença de Temer e as imitações de André Marinho do presidente Jair foram a cereja do bolo da desmoralização. Um elite econômica e política reunida em torno de uma mesa cinematográfica e o presidente sendo ironizado. A cena é emblemática, a elite financeira e política despreza Bolsonaro, porque ele não tem nenhuma representatividade além do próprio cargo que ocupa. As pessoas são amigas do cargo Presidente da República e não de Jair.

O prestígio declinou com seu recuo na tentativa autoritária, seguida do recuo na greve dos caminhoneiros e na publicação da carta onde afaga o ministro Alexandre de Moraes. Toda a mobilização de milhares de pessoas deu em absolutamente nada e o Xandão, inimigo número um do presidente se tornou seu amigo.

Passado o momento mágico, as pessoas continuam indo aos postos de combustíveis, ao supermercado, continuam recebendo a conta de luz, comprando botijões de gás e encontram a dura realidade de que o mito contribuiu para piorar a vida diária, aí o amor acaba.. Sem a melhora na economia não haverá discurso ou ideologia que sustente o atual governo, some-se a isso 600 mil mortos, o encerramento de milhares de pequenas empresas e o fechamento de milhões de vagas de empregos. A ilusão acabou, a vida real se impôs e agora temos o início da campanha eleitoral de 2022.

Cedric Darwin é mestre em Direito e advogado