A queda da letalidade pela Covid-19 era o impulso que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, precisava para pressionar a retomada das aulas presenciais em todo o país. Ele ainda culpou Estados e municípios pela adoção do ensino remoto, medida tomada para conter a disseminação do coronavírus.

É verdade que as escolas fechadas geram impactos negativos que podem comprometer uma geração, principalmente se tratando da realidade de muitos brasileiros, que sequer têm acesso estável à internet. Segundo a opinião do ministro Ribeiro, dentre os prejuízos estão a perda de aprendizagem, progresso do conhecimento e qualificação para o trabalho, aumento do abandono escolar e implicações emocionais.

O retorno presencial das aulas divide opiniões, mas fato é que a letalidade em algumas cidades do Alto Tietê, como Mogi e Suzano, apresentou queda entre os meses de maio e junho, segundo reportagem publicada recentemente pelo Mogi News e Dat. Em Mogi, a letalidade chegou a 66,3 pessoas para cada mil contaminados com a Covid-19; já no mês passado, esse indicador ficou em 42,1 óbitos para cada mil. Ocorre que em Itaquá, cidade próxima, a letalidade em maio foi de 49,5 e, em junho, de 55,2. Infelizmente, os números não são estáveis, por isso há discussão sobre o retorno presencial das aulas.

Saúde e educação são temas e Pastas da maior importância para o país e devem caminhar juntas. Em um momento delicado de pandemia, o choque entre essas duas secretarias mostra despreparo e sinaliza falta de foco nas prioridades. Com a disseminação incontrolável do vírus, como vinha - e vem - ocorrendo, o fechamento das unidades de ensino foi uma das diversas alternativas para barrar a Covid-19. Ou seja, foi preciso preservar a saúde, mesmo que retardando o aprendizado. Sem dúvida é um preço alto, mas já sabemos, há tempos, que a pandemia irá deixar marcas profundas. E esta é uma delas. Pelo menos, a medida de fechar escolas teve um objetivo inegavelmente nobre: preservar a vida e aliviar as internações nos hospitais.