Não há mais desculpas para o governo federal não implantar a tão vendida agenda reformista. As presidências das duas casas legislativas estão ocupadas por escolhidos pelo Planalto. O Poder Executivo conseguiu a liderança e a maioria legislativa de que precisa para votar as reformas que afirmam tão necessárias para o desenvolvimento do Brasil.
A mais importante é sem dúvida a tributária, não se espera que haja redução da carga, mas ao menos que o sistema seja simplificado, desonerando sua obediência pelo setor produtivo. A outra reforma é a administrativa, diminuindo o tamanho da estrutura estatal. Mas antes de tudo é necessária a imunização em massa da população para que as atividades sejam gradativamente retomadas e a atividade econômica se aqueça.
Querendo ou não o governo federal, dia após dia há maior oferta de vacinas e maior variedade delas, o que imporá a imunização em massa. Mas o que desaparece hoje é o discurso de que o Congresso impede as realizações do governo federal. O fisiologismo venceu mais uma vez.
O governo nega, mas ninguém é ingênuo a ponto de acreditar. Já é possível ver deputados federais em suas bases eleitorais divulgando as emendas que conseguiram junto aos prefeitos. A campanha para o Legislativo de 2022 já começou e a eleição das mesas diretoras das casas foi a hora de negociar mais emendas para exibir em suas bases eleitorais.
Veremos como será daqui em diante, como será a fidelidade da base que elegeu os presidentes das casas e quanto isso custará em cargos e novas emendas. Quanto custará cada reforma impopular e por aí vai. Trata-se de custo político e não há nada de novo ou absurdo nisso, o único senão é a total incoerência entre o discurso e ação.
O presidente foi deputado federal por quase três décadas e sabe muito bem como funciona a casa. Para se eleger disse que teria um time de notáveis em seu ministério e que não cederia aos acordos políticos, mas não é isso que faz. Agora se alguma coisa não der certo, só dá para pôr a culpa no STF e na imprensa; no Congresso não dá mais.
Cedric Darwin é mestre em Direito e advogado.