Não fosse o governador de São Paulo fixar uma data para o início da vacinação até hoje nada teria acontecido. Ao fixar o dia 25 de janeiro com o dia "D", João Doria obrigou o governo federal e a Anvisa a se pronunciar sobre a liberação e o uso emergencial da CoronaVac. Liberada pela Anvisa no dia 17, Doria deu início à vacinação e estabeleceu não só o dia "D", mas também a hora "H" e ganhando notoriedade nacional e pressionando ainda mais o governo federal.
Não há vacina disponível da Fiocruz-Oxford, pois embora aprovado seu uso emergencial não há insumos para sua produção. Assim, apenas a CoronaVac, ridicularizada pelo presidente da República e sua claque, está disponível e sendo aplicada em parte dos profissionais da Saúde. China e Índia, fornecedoras de insumos para a fabricação das vacinas no Brasil, não os enviaram, o que pode provocar descontinuidade da vacinação.
O presidente da República afirmou que não compraria vacinas produzidas na China, seu filho e deputado federal, Eduardo Bolsonaro, afirmou que a China utilizaria a tecnologia 5G para espionar e o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, insinuou que a China poderia se beneficiar pela crise causada pela Covid.
É evidente que a hostilidade gratuita com os chineses tem o seu preço e o ingrediente farmacêutico ativo que precisamos é fabricado na China, como quase tudo, aliás. Se depender de nossa diplomacia e relacionamento com o país asiático estamos no final da fila das imunizações. A ingerência na preparação para a vacinação deve ser apurada pelo Ministério Público Federal.
A média de vítimas da Covid-19 se aproxima de mil e cada dia de atraso na imunização faz aumentar o número de mortos, que já ultrapassa 211 mil. Entramos na segunda onda sem sair da primeira, nosso sistema de Saúde não se preparou para demanda a ponto de pacientes no Norte do Brasil morrerem asfixiados por falta de oxigênio. Essas mortes por omissão, por ingerência e incompetência do Poder Público em todas as suas esferas devem ser apuradas e seus responsáveis punidos, pois o prolongamento da crise sanitária nos levará ao colapso econômico.