Uma nova variante do Sars-CoV-2 identificada no Brasil apresenta alterações capazes de ajudar o vírus a escapar parcialmente à imunidade oferecida pelas vacinas usadas na prevenção da doença. Essa variante também foi identificada na África do Sul e é diferente da mutação registrada no Reino Unido
O estudo foi publicado on-line, na última terça-feira, em formato de pré-impressão (ou seja, ainda sem revisão dos pares), na BioRxiv. Tem como principal autor o microbiologista Jesse Bloom, da Universidade de Washington (EUA). O trabalho mostra que, em algumas pessoas, o novo coronavírus conseguia escapar dos anticorpos neutralizantes até dez vezes mais do que o normal.
Todas as vacinas desenvolvidas ao longo deste ano têm como alvo a chamada proteína spike. Essa é a estrutura usada pelo vírus para entrar nas células que ataca. Os imunizantes 'treinam' os anticorpos para atacar uma determinada região desta proteína, impedindo a invasão do organismo pelo SarsCov2.
As mutações na proteína spike, no entanto, podem ajudar o vírus a "enganar" as duas principais linhas de ação do sistema imunológico. Elas são os anticorpos, que impedem a invasão das células saudáveis, e as células T, que tentam destruir o vírus.
A variante detectada no Reino Unido se revelou mais contagiosa. Mas não tem impacto na eficácia das vacinas aplicadas. (E.C.)