A criação da Comissão Especial de Inquérito (CEI) pela Câmara de Mogi das Cruzes para investigar as acusações de corrupção dos vereadores já nasce sob o signo da desconfiança de que sua atividade não se encerrará neste ano. Com prazo inicial de 180 dias para apuração dos fatos, o período vai ultrapassar a data marcada para as eleições municipais de novembro e o término do atual mandato. Ou seja, por mais esforço que possam ter os parlamentares na investigação, a conclusão, muito provavelmente, se dará apenas no próximo mandato, a ser iniciado a partir de janeiro de 2021, embora o presidente da comissão, Pedro Komura (PSBD), tenha prometido esforços para conclusão da CEI ainda neste ano.
Com isso, há grande possibilidade que a atual comissão, formada por Komura e composta ainda por Clodoaldo do Moraes (PL) e Iduigues Martins (PT), tenha de ser reformulada durante o percurso da investigação, caso algum dos componentes não consiga a reeleição. Da mesma forma, o restante dos vereadores que deve participar do processo certamente não será o mesmo grupo que eventualmente deve votar o parecer final ao encerramento do processo.
A expectativa de renovação da Casa de Leis chega a 40% e pode crescer ainda mais após as denúncias do Ministério Público (MP). Os próprios investigados já tiveram confirmação de seus respectivos partidos de que pretendem a reeleição, independentemente do resultado apurado pela CEI. Caso sejam, antes disso, punidos pelas urnas, podem ter a conclusão do processo já sem mandato. O que deve determinar o rumo da investigação é a intensidade com que os atuais vereadores vão imprimir às investigações.
Na prática, o processo de investigação realmente é lento, pois cumpre etapas de oitivas, análise de documentos, cruzamento de dados, solicitação de novas informações, além de, caso necessária, toda a etapa de votação e de adiamentos por recursos impostos pelos envolvidos. Cabe ao eleitor, mais do que nunca, o papel de cobrar a apuração correta dos fatos. Ou dar o julgamento antecipado nas urnas.