Entra ano e sai ano, as discussões sobre a necessidade de se ampliar a atenção ambiental com o rio Tietê parecem não sair do lugar. O período atípico, provocado pela pandemia do coronavírus, não justifica o desprezo que o curso d'água mais importante do Estado vem enfrentando. Hoje, data em que se comemora o Dia do Rio Tietê, será, mais uma vez, uma oportunidade para se lamentar o que não foi feito em seu benefício e de se registrar protestos pelas entidades ambientalistas sobre a baixa qualidade da água e pela falta de ações de políticas públicas que o tratem de forma digna.
O atual governo federal dá péssimo exemplo na área, com um ministério de Meio Ambiente esdrúxulo, que sequer consegue coordenar ações de combate aos incêndios que estão devastando a Amazônia e o Pantanal e, além de tudo, adota política negacionista sobre a causa. O Estado, por sua vez, também se omite ao protelar decisões mais rígidas sobre a preservação do Tietê e não avançar em uma legislação que permita mudar o atual quadro de abandono.
Contra tudo isso, o rio segue o seu percurso de sobrevivência, lutando contra todos e ainda encantando a região pela sua beleza natural. As cidades de Salesópolis, onde fica a nascente do Tietê, Biritiba Mirim e Mogi das Cruzes, as primeiras banhadas por suas águas, vivem da paixão da população pelo rio, mas ainda aguardam regras que compensem financeiramente a produção da água, cujos valores seriam fundamentais para o estabelecimento de infraestrutura para sua preservação. Há o reconhecido direito pela água, porém não existe o respaldo legal para tanto. Pagar royalties seria o mínimo para ajudar os municípios.
Esse debate é aquecido em datas comemorativas, como a de hoje, mas lamentavelmente cai no esquecimento durante o restante do ano. O Dia do Rio Tietê merece, sim, ser celebrado. O problema de sua preservação, entretanto, precisa ser enfrentado com maior seriedade e competência pelas autoridades e o tema não apareça em pauta apenas uma vez por ano. O rio sobrevive. Sem ações, resta saber até quando.