Ao detalhar a denúncia apresentada contra 25 pessoas por supostos desvios em contratos de assistência social no governo do Estado e na capital fluminense, entre 2013 e 2018, o Ministério Público do Estado apontou que a ex-deputada e candidata à prefeitura Cristiane Brasil e o secretário estadual de Educação Pedro Fernandes faziam parte do núcleo político de uma organização criminosa que fraudou licitações de quase R$ 120 milhões.
Segundo os investigadores, tal núcleo era responsável por viabilizar fraudes em licitações de suas respectivas pastas e prorrogar os contratos fraudulentos, mediante recebimento de propina que variava de 5% a 25% do valor pago pelo contrato.
Cristiane Brasil e Pedro Fernandes foram os principais alvos da segunda etapa da Operação Catarata, aberta ontem para cumprir cinco mandados de prisão preventiva e realizar seis buscas. Pedro foi detido e Cristiane afirmou que iria se apresentar.
Além deles, foram alvos das ordens de prisão o empresário Flavio Salomão Chadud, seu pai, o delegado da PCERJ Mario Jamil Chadud e o ex-diretor de administração financeira (DAF) da Fundação Leão XIII, João Marcos Borges Mattos.
A denúncia apresentada contra os cinco alvos da 'Catarata 2' e mais 20 investigados já foi aceita pela 6ª Vara Criminal da Capital do Rio de Janeiro, segundo informou o Ministério Público do Rio. Entre os outros acusados estão os ex-presidentes da Fundação Leão XIII Sergio 'Fernandes' e Erika Yukiko Muraoka, o sócio da Rio Mix Marcus Vinicius Azevedo da Silva, além de servidores públicos e representantes de empresas e organizações sociais.
A Promotoria imputa ao grupo crimes de organização criminosa, fraudes licitatórias, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capitais, além do crime de embaraçar investigação de organização criminosa.
O Ministério Público indicou que as investigações tiveram início em 2019, quando a Controladoria-Geral do Estado detectou fraudes em pregões eletrônicos, ocorridos entre 2015 e 2018 na Fundação Estadual Leão XIII.
Acusados
Pedro Fernandes afirmou que ficou indignado com a ordem de prisão. "O advogado dele vinha pedindo acesso ao processo desde o final de julho, mas não conseguiu. A defesa colocou Pedro à disposição das autoridades. No entanto, Pedro nunca foi ouvido e só soube pela imprensa de que estava sendo investigado", dizia a nota.
A ex-deputada disse que "tiveram oito anos para investigar essa denúncia sem fundamento, feita em 2012. Mas aparecem agora que sou pré-candidata a prefeita numa tentativa de me perseguir politicamente, a mim e ao meu pai (Roberto Jefferson)".