O secretário de Estado de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, foi preso ontem de manhã pela Polícia Federal (PF) em sua casa nos Jardins, zona sul de São Paulo. Ele é suspeito de receber ao menos R$ 1,4 milhão de propina entre 2014 e 2019 para beneficiar empresas da área da Saúde com contratos públicos, segundo documentos encaminhados ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, que assina o mandado de prisão temporária. Os advogados de Baldy negam as acusações.
No início da noite, o secretário pediu afastamento do cargo por 30 dias para se concentrar "exclusivamente em sua defesa". O governador João Doria (PSDB) trabalhou durante o dia para que o afastamento ocorresse sem precisar demiti-lo. Baldy foi ministro das Cidades de Michel Temer (MDB), entre novembro de 2017 e dezembro de 2018, e deputado federal por Goiás. Além de ter atuado como articulador de Temer, ele é considerado próximo ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A Lava Jato do Rio cita ao menos duas situações em que Baldy teria recebido propina, de acordo com depoimento de delatores. Em 2014, ele teria cobrado R$ 500 mil da organização social Pró-Saúde, que atua como gestora de serviços hospitalares, para ajudar a empresa a receber pagamentos atrasados de um hospital de Goiás. Dois anos depois, ele teria recebido
R$ 900 mil para intermediar um aditivo em um contrato da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Primo de Baldy, Rodrigo Dias é acusado de receber R$ 250 mil. Segundo os colaboradores, o dinheiro foi entregue a ele em uma charutaria dentro de uma caixa de gravata. Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão. Em endereços ligados a Baldy em São Paulo, Brasília e Goiânia, policiais federais encontraram R$ 250 mil em espécie. Parte do montante estava dentro de dois cofres em uma casa no Lago Sul.