O crédito imobiliário avançou 61,5% em relação a julho do ano passado e foi o maior crescimento nos últimos sete anos. Se estamos em plena pandemia, crise econômica e de empregos, explicar uma alta tão expressiva nos financiamentos de imóveis é fácil: redução de juros.
Essa ofensiva pelo crédito imobiliário revela que a prática de juros razoáveis estimula a economia. É fato público e notório que há uma demanda reprimida por imóveis de toda sorte, especialmente de imóveis residenciais, mas as altas taxas impedem que os brasileiros tomem esse tipo de crédito para realizar o sonho da casa própria.
O mercado de financiamento imobiliário pratica taxas de juros que giram em torno de 7% ao ano, um número que parece atrativo perto de outros. Na verdade não é, pois se temos uma taxa básica de juros de 2% ao ano e praticamente não temos inflação, bancos lucram muito e com a garantia sólida dos imóveis. E porque não vemos isso em outras áreas como automóveis, eletrodomésticos e eletrônicos, materiais de construção e bens de capital? Não é por falta de demanda, mas pela escassez de crédito e juros altos. Por isso o sistema bancário é tão relevante para o desenvolvimento econômico, e a prática de juros minimamente decentes iriam assegurar uma rápida retomada da atividade econômica.
Como financiar um veículo com taxas que se aproximam de 2% ao mês? Como tomar um crédito pessoal com taxas de 6% ao mês? Como fazer uso do cheque especial com taxas de 8% ao mês? Ou financiar a fatura de um cartão de crédito pagando 30% de juros ao mês? As tentativas de limitação do cartão de crédito tramitam no Congresso sem muita esperança de que vinguem, mas é indispensável que haja uma regulação e a prática de juros em níveis civilizados.
Ótimo exemplo foi a disparada do crédito imobiliário com juros de 6,99% ao ano ou 0,58% ao mês. Juros de até 1 % ao mês para veículos e equipamentos, materiais de construção certamente impulsionariam a economia. Já passou da hora do sistema bancário e financeiro brasileiro ser domesticado e passar a financiar o Brasil e não ser financiado por ele e sua pobre população.