Por mais que os opositores possam questionar, cada qual com sua linha de raciocínio e formação ideológica, a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cresceu nas últimas semanas. Prova disso, a pesquisa publicada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo revela que a atual gestão teve aprovação de 37% dos entrevistados, que classificaram o desempenho como bom ou ótimo. Dois meses atrás, em junho, esse índice era de 32%, segundo o mesmo veículo. A queda na rejeição de Bolsonaro é ainda mais surpreendente. No levantamento anterior, o presidente tinha 44% de reprovação; na pesquisa de ontem, o número caiu para 34%.
Alguns fatores especulativos podem ser responsáveis por essa mudança. Ao contrair Covid-19 no início de julho, Bolsonaro teve de sair um pouco de circulação e dos holofotes críticos da imprensa, o que pode ter beneficiado a sua imagem. Quando retornou à atividade, realizou duas viagens ao Nordeste, reduto majoritariamente de oposição, para inaugurar obras. A propaganda foi benéfica, porém, o que mais pode ter ajudado o presidente foi o amadurecimento do auxílio emergencial de R$ 600 pago a milhões de brasileiros. Como elemento motivador não há discussão.
Em tempos de pandemia, a Folha precisou adaptar a sua forma de coletar opiniões do público. Tradicionalmente, as pesquisas eram realizadas no corpo a corpo, incluindo material visual que facilitava a escolha do entrevistado. Agora, os levantamentos foram totalmente realizados por meio de telefone, que pode encobrir e camuflar o voto. Mesmo assim, o jornal garante que segue todos os critérios científicos para a seleção e formulação das questões. O Datafolha é um instituto que construiu a sua credibilidade com pesquisas fundamentadas e está acima de qualquer suspeita.
Resta saber se essa mudança de opinião do eleitorado é efêmera ou será mantida nas próximas pesquisas. Antes disso, precisamos verificar se poderá refletir de alguma maneira nas eleições municipais. Seria Bolsonaro um cabo eleitoral que valha a pena ser elogiado neste ano? Os candidatos municipais devem estar indecisos.