Para muitas pessoas, a retomada da economia pode representar um momento tão perigoso quanto o período em que tiveram de suspender suas atividades por força de uma pandemia que paralisou as finanças no mundo inteiro. No universo das despesas domésticas, boa parte da população teve sua renda reduzida por corte de salários, desemprego ou restrições de faturamento. Mas se beneficiou, providencialmente, pela suspensão ou redução de contas de consumo e de impostos, proteladas para meses futuros em medidas sensatas das administrações públicas. Só que, em breve, a conta vai chegar. E o pior é que trará parcelas acumuladas, juros embutidos e reajustes inesperados.
Nessa situação, se os salários não forem recompostos e o faturamento não voltar aos patamares anteriores, uma onda de inadimplência deve surgir. Então, o que hoje aparenta ser oportuno e vantajoso, lá na frente pode virar um fantasma econômico que vai deixar muita gente com as finanças assustadas. Quem está recebendo o auxílio emergencial pode conseguir dar uma equilibrada nas contas, mas ele não será permanente e, em alguns meses, o orçamento vai cair na real.
O quadro é muito comum pela falta de hábito que as pessoas, principalmente no Brasil, têm de planejar suas finanças. Gasta-se aquilo que ganha sem deixar uma reserva para despesas imprevistas. Quando elas chegam, não há alternativa a não ser postergar pagamentos ou recorrer a empréstimos, o que pode ser pior ainda. Com a pandemia sem um prazo definido para acabar e as restrições que vieram de carona, um planejamento se tornou ainda mais difícil de ser realizado.
No futuro, o exemplo dos efeitos deixados pela crise sanitária do coronavírus, especificamente nas questões econômicas, servirão para entender que a normalidade financeira é quase uma utopia e, por mais que você seja seguro nos gastos, as coisas podem sair de controle. No volume de temas que terão uma nova realidade daqui para a frente, a economia doméstica tem espaço garantido. Mais do que nunca, fazer e executar um projeto simples de receitas, despesas e investimentos em bens duráveis será fundamental para as pessoas.