"Os católicos têm Jerusalém, mas antes eles têm o Vaticano; os muçulmanos têm Jerusalém, mas antes eles têm Meca e Medina; nós judeus temos Jerusalém e sempre Jerusalém e só Jerusalém". Assim falou, em 1980, o Rabino Henry Isaac Sobel, ex-presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, por ocasião das festividades do décimo terceiro aniversário da reunificação de Jerusalém, que ocorreu após a chamada Guerra dos Seis Dias, iniciada em 5 de junho de 1967, com a retomada, da Jordânia, do lado oriental da cidade antiga, do Muro das Lamentações e do monte do Templo.
O Rabino Sobel, na esperança de um dia acontecer a unificação de árabes e judeus, nos conta esta tocante história verídica que teve seu início entre escombros da guerra, causada pela invasão do jovem Estado de Israel, em 24 de maio de 1948, por cinco exércitos árabes que derrotaram em quatro dias as forças israelenses, restando apenas do bairro judeu uma nuvem escura de tormento, morte e destruição.
Em acordos, a Jordânia apossou-se do lado oriental da cidade de Jerusalém, o coração do judaísmo. Tudo isso aconteceu dez dias depois de Israel ser aprovado como nação pela Assembleia Geral da ONU, em 14 de maio de 1948. Até aqui descrevemos duas guerras históricas que ocorreram em território israelense entre as quais aconteceu essa história que serve de exemplo para reunificação em paz, amor e perdão dos irmãos árabes e israelenses que têm o mesmo pai Abraão.
Agora, vamos nos assentar ao redor do rabino Sobel e ouvir dos seus próprios lábios a história: "Quando Jerusalém foi reunificada em 1967, uma mulher árabe que tinha recentemente perdido o marido, teve vontade de rever sua casa na Cidade Nova, onde ela havia morado com sua família até 1948. Pois bem: bateu à porta do apartamento e foi atendida por uma viúva judia que lá morava. A mulher árabe explicou do que se tratava, e pediu licença para dar uma olhada. Foi convidada a entrar e tomar café. Então, as duas viúvas começaram a conversar. (Continua)