"O país está em vários momentos da epidemia, dependendo do Estado onde se olha e, mesmo dentro do Estado, cada cidade pode estar de um jeito. Os Estados Unidos cometeram o erro de falar que a curva do país estava caindo porque os casos de Nova York estavam em queda, mas os outros Estados estavam subindo." A avaliação é de Marcia Castro, professora de Demografia e chefe do Departamento de Saúde Global e População da Universidade Harvard.
Diego Xavier, epidemiologista do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz, cita a situação do Estado de São Paulo, que iniciou o processo de reabertura no início de junho, mas tem batido recordes de casos e óbitos nos últimos dias. O interior, que respondia por 10,75% dos casos há dois meses, agora já responde por 27% do total. Cidades como as da região de Barretos, no norte do Estado, tiveram forte aumento de casos, e o governo decidiu rebaixá-las para a fase 1 do plano, a mais restritiva. Mas os prefeitos recorreram à Justiça para manter o comércio aberto. Mesmo com o indeferimento, pessoas estão indo às ruas.
Para a epidemiologista Maria Amélia Veras, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, o Brasil chegar a 1 milhão de casos era algo esperado considerando as "características do nosso modo de viver e de lidar com a doença". Por modo de viver ela se refere às habitações que abrigam muitas pessoas, sem condições de isolamento ou até hábitos de higiene. (E.C.)