O criador festeja, na solidão de seu recolhimento, a sobrevivência dos que à sua volta o tentam culturalmente dar por morto. Como se a certeza com que o definem não passasse de suave brisa que se inserisse por entre ignorantes atos, até certo ponto caducos, incapaz de ser percebida em meio ao turbilhão de uma ideia vagabunda que o assalta em lugar de qualquer reação que pudesse ser julgada bissexta, quando não violenta. De nada vale polemizar em meio à fluidez e à dúvida que toda boa criação se impõe!
Justo agora, com o criador incorporado a esse papel incômodo e difícil, tudo transformando em estilo. Sob tosco humor fez da posição dissonante, festa. Bandeira hasteada a meio pau, por luto onírico longe da realidade, e mais por provocação. É difícil não perceber o poder ao mesmo tempo cômico e libertário da dissonância já nas primeiras manifestações no seu mais do que evidente mote, do saber dizer. Sem jamais se arvorar de se sentir autoridade no que diz.
Dessa postura, sempre em conflito com o que o cerca, um lugar ocupado por um membro dessa plêiade, que deveria estar vago, reveste-se ao mesmo tempo de condição e de possibilidade de reflexão e criação. As palavras ganham pertinência a respeito das coisas pelo fato dos desafetos não destinarem a elas qualquer importância.
A resistência, a partir desse lugar desconfortável, deu à maneira de ser do criador um caráter jubilante e irônico ao qual não falta o dom de rir de si mesmo, como o atesta a forma como se apresenta aos desafetos: desarmado e ciente de que jamais será levado a sério.
No conforto de sua posição dá-se ao luxo de não polemizar ressalvando-se a tiradas irônicas, que tanto surpreendem a todos. Em qualquer um que se habilita, sua própria habilitação dentro de um processo onde estão incluídas gazua e geometria vê passarem seus dias. E agora os que o pensam estar velando, nem se deram ao trabalho de verificar que, de corpo presente praticam a missa de inusitado cerimonial, tão próxima do emgodo do desencarnado que apareceu!