Muito antes de qualquer cenário adverso construído pela restrição na circulação das pessoas, a questão da educação a distância já era polêmica. Desde o princípio, o ponto central do debate sempre foi a eficácia do sistema de ensino e qual o grau que ele atingia como substituto do modelo presencial. Na prática, a discussão jamais teve grande sentido, pois a concepção do ensino remoto nunca foi considerado como segmento independente. Ao contrário, o ensino presencial e o a distância são complementares e devem ser encarados como tal.
As primeiras experiências sobre educação a distância no Brasil ocorreram por volta de 1970, na Universidade de Brasília (UnB), mas apenas em 1996, com a criação da Secretaria de Educação a Distância (Seed), órgão vinculado ao Ministério da Educação, é que foi estabelecida a primeira legislação sobre o tema no país, cujo principal avanço era a validação dos diplomas fornecidos pelas escolas, equiparando-os aos do ensino superior presencial. De lá para cá, muito se aperfeiçoou sobre o sistema e as ferramentas tecnológicas para a sua implementação, como o recurso das videoconferências e a internet de alta velocidade. Mas a polêmica inicial jamais foi abandonada.
O que acontece neste momento de pandemia pela Covid-19 e a quarentena que isolou os estudantes dentro de suas casas é um momento sem qualquer precedentes. Ao disponibilizarem materiais educativos para estudos em casa, tanto os municípios quanto o governo do Estado estão enfrentando uma situação emergencial, utilizando a alternativa para minimizar os prejuízos dos alunos, privados da educação presencial.
Alguns defensores ferrenhos da educação tradicional alertam para as deficiências que o modelo possui, alegando que ele não é democrático e acentua as diferenças sociais, pois nem todas as crianças têm acesso à tecnologia e moram em ambientes pouco propícios à aprendizagem. Pode até ser, em uma análise mais profunda. Porém, a tentativa de oferecer uma opção às crianças precisa ser elogiada. Não se pode ficar de braços cruzados, esperando a pandemia passar. Na crise, é preciso criar, inovar e tentar.