O número de empresários no país que pretendem, de alguma forma, relaxar as medidas de confinamento para retomar as atividades comerciais, alheios às recomendações das autoridades de saúde sobre o isolamento social para minimizar os efeitos da pandemia de coronavírus, tem crescido de maneira preocupante.
Na contramão da maioria dos estados brasileiros, os mandatários do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), Rondônia, Marcos Rocha (PSL), e Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), definiram, entre quarta-feira e ontem, pela volta gradual dos trabalhos. A decisão ganhou apoio de muitos comerciantes. Na cidade de Camboriu (SC), por exemplo, uma carreata de empresários foi organizada na noite de quinta-feira para comemorar a reabertura das lojas, oficialmente, a partir de 1º de abril.
Por outro lado, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) encaminhou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) questionando a campanha "O Brasil não pode parar", lançada pelo governo federal e que defende a flexibilização do isolamento social. Em tom mais duro, o grupo ameaça ir à Justiça para responsabilizar a presidência por possíveis consequências nas mudanças das regras sobre a quarentena, como o agravamento do quadro da Covid-19.
O prefeito de Mogi das Cruzes, Marcus Melo (PSDB), também presidente do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), admitiu, conforme noticiado ontem pelo Grupo Mogi News, que está sofrendo pressão de empresários locais para o relaxamento das restrições nas atividades comerciais. "Não vou entrar nesta bola dividida. Empresários de um lado, especialistas de outro. Aqui em Mogi, vamos proteger todos que precisam. A quarentena está mantida", garantiu o prefeito.
Não se pode, também, fechar os olhos para a situação dos empresários, que vivem das vendas aos consumidores e que, por restrições de sua área de atuação, não compensam com o comércio pela internet. Essa alternativa é válida para alguns, mas a maioria depende de recursos próprios. Sem vendas, há riscos iminentes de fechamento de empresas e desemprego. O impasse é real. Porém, entre a saúde econômica e a saúde humana, o bom senso indica que é melhor ficar com a segunda opção.