Ah! A recuperação saborosa de um passado distante, buscar em espírito revê-lo, ainda mais, sob o testemunho dos que vieram para a reunião anual, provoca em mim uma comoção, para não dizer um abalo estrutural, que me coloca numa posição, já de início, contra qualquer fenomenologia, numa aura de sensação de vida recuperada, numa atitude, diga-se de passagem, biográfica etérea, cujo alcance, espero seja mais profunda daquilo que acabou construindo minha própria visão de tudo.
Fenomenologistas sustentam que só se pode saber e avaliar o que se é capaz de observar e medir empiricamente. Mesmo levando a importantes descobertas, esse ponto de vista exclui o conhecimento maior do homem e do universo, ao nível das energias.
Fora da fenomenologia, após longa germinação, semeia-se ao vento experiências e ideias que um dia retornam, como neste instante, marcadas por outra visão e situadas em outros contextos, trazendo-nos a lembrança de nós mesmos e de nossas particularidades. Reflexões sobre índole e educação, sobre objetividade e ego, conseguem fazer de cada um, aquilo que agora é, lembrar-se de si mesmo e do que era 66 anos atrás. Ainda mais sem perder de vista o pensar central, de eventual superação adquirida, que possa se desvanecer pelas circunstâncias na embriaguez que a reunião possa causar.
Sempre haverá beleza e emoção ao ver talentos específicos, como os haverá na reunião, devido a sabe lá que encadeamento de circunstâncias, atingir o ápice da realização. Assim, uma vez mais fica a sensação de que, para seres como nós, a experiência de vida de todos esses anos, facilmente assume, agora, o caráter do gostoso fantasioso e onírico, transcendental, como queiram.
É bom lembrar que aos olhos daqueles que juntos se educaram, uma ideia como demonstração de maturidade, jamais possuirá valor de propriedade de quem quer que seja, mas um tesouro a ser guardado onde se guardam as experiências mais significativas, com a plena consciência de saber o quanto valem.