Estamos no último ano da terceira década do século XXI. O mundo nunca vivenciou mudanças com tanta frequência e intensidade. O avanço das ciências de uma maneira geral apenas repercute aquilo que acumulamos.
Nunca se produziu e circulou tantas informações como agora e, da mesma forma, nunca ficou tão evidente a incapacidade do ser humano de lidar com tantas informações. Também, em nenhum momento da nossa aventura na Terra redonda, o fosso entre ricos e pobres foi tão acentuado.
Em relatório divulgado ontem pela Oxfam Internacional - uma confederação de 19 organizações e mais de 3.000 parceiros - veio um alerta: "o número de bilionários do mundo duplicou nos últimos dez anos e essa camada já soma mais recursos que 60% da população mundial". No total, 2,1 mil bilionários têm em 2020 uma riqueza acumulada superior aos 4,6 bilhões de pessoas mais pobres. As oito pessoas mais ricas possuem a mesma riqueza que a metade mais pobre do mundo.
O documento vem a público às vésperas da reunião de Davos, na presença das maiores lideranças internacional e da elite do mundo das finanças.
Outro dado interessante que consta no documento é que caso o grupo de pouco mais de 2 mil pessoas mais ricas pagasse apenas 0,5% de imposto extra sobre a sua riqueza durante uma década, 117 milhões de novos empregos em áreas sociais seriam criados. Hoje, existem pouco mais de 180 milhões de desempregados no mundo.
Ao mesmo tempo em que a economia global apresenta desempenho pífio, as políticas econômicas de diversos países têm recheado os bolsos dos milionários e empobrecendo ainda mais segmentos que são historicamente carentes.
Essa abissal distância que existe entre ricos e pobres só pode ser resolvida com políticas públicas consistentes de combate à desigualdade. É isso que o povo de cada país deve cobrar de seus governantes.
Caso contrário, cenas como aquelas ocorridas no Chile e na França vão se tornar cada vez mais comuns.