Não faltam estradas rurais no Alto Tietê, considerado parte do Cinturão Verde do Estado. Não faltam também agricultores vivendo em seus sítios e muitos deles sem ter sequer um CEP, um endereço oficial para conseguir se cadastrar em programas e serviços públicos, para fazer uma compra on-line ou mesmo nas lojas, quando se faz necessária a entrega do item adquirido.
Pode parecer coisa de um passado muito distante, mas sim, na era digital, da informação em tempo real, muita gente que reside na zona rural não tem sequer um endereço oficial, um código postal pessoal. No distrito do Taboão, em Mogi das Cruzes, por exemplo, os moradores de áreas mais afastadas contam com caixas postais comunitárias instaladas em pontos atendidos pelos Correios, caso contrário é preciso retirar a encomenda ou correspondências nas agências mais próximas.
O mesmo acontece em bairros de Salesópolis e Biritiba Mirim. A boa notícia é que o poder público, finalmente, parece estar disposto a mudar iss. Um projeto desenvolvido pelo Google em parceria com o governo do Estado quer endereçar as zonas rurais. A meta é desenvolver um sistema de endereçamento digital para permitir que cada imóvel tenha seu próprio endereço, contendo nome de rua, número, bairro e CEP.
A iniciativa, inédita na América Latina, permitirá que cerca de 2 milhões de moradores dessas localidades tenham acesso também a serviços públicos fundamentais, como saúde e segurança pública. O projeto, inclusive, já foi lançado nessa semana e no evento de apresentação participaram três agricultores atendidos por esse novo sistema, entre eles uma produtora rural de Salesópolis que já foi beneficiada.
Já passou da hora de dar dignidade e serviços básicos para os moradores das zonas rurais. Não é possível deixá-los isolados, sem as mesmas opções que a população da zona urbana. É preciso que todos tenham os mesmos direitos, deveres, serviços e o que mais for necessário, afinal todos pagam impostos, fazem sua parte e precisam ser inseridos na sociedade.