As investigações contra Flávio Bolsonaro, suspeito de desviar e lavar dinheiro da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj ), num esquema de "rachadinha" de salários de assessores com ajuda do ex-policial Fabrício Queiroz, estão tirando o presidente Jair Bolsonaro do sério. Seu descontrole é visível e ficou ainda mais claro durante entrevista concedida à jornalistas na última sexta-feira.
Ao ser questionado sobre as acusações que o filho enfrenta e que instaura uma grande crise familiar que respinga no presidente, inevitavelmente, o presidente decidiu atacar, mais uma vez, a Imprensa, demonstrando sua antiga falta de respeito com a categoria.
Um repórter perguntou: "E se o seu filho tiver cometido algum deslize, presidente?". A resposta não poderia ser pior. "Você tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de ser homossexual".
De tão absurda, a situação seria cômica, se não fosse trágica. As denúncias contra Flávio Bolsonaro são graves e as investigações apontam para provas cada vez mais contundentes de que o esquema existe. De nada adianta o presidente usar desse expediente baixo, atacando jornalistas que estão fazendo seu trabalho. Pelo contrário, seu comportamento só dá mais visibilidade para o caso.
A crise está aí, a denúncia também, é preciso agir e não espernear . O presidente deveria se preocupar em se reunir com seus apoiadores, assessores e advogados para criar uma estratégia que o isole, pelo menos um pouco, desse caso. É hora de ficar quieto, deixar a polícia trabalhar e aparecer o menos possível.
Um presidente da República não pode ter esse tipo de comportamento. Seu filho não é o primeiro a se ver em meio a uma denúncia de corrupção, mas suas reações descabidas são, talvez, inéditas.
O Brasil e a Imprensa precisam se preparar para impropérios ainda maiores nos próximos meses. A situação do deputado tende a piorar, e Bolsonaro também.
Só nos resta aguardar e torcer para que o Brasil seja menos prejudicado possível diante de todo esse imbróglio que envolve a família Bolsonaro.