Muitos políticos podem não apoiar ou querer a continuidade das investigações da operação Lava Jato, mas 81% da população quer, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem no jornal Folha de São Paulo.
De acordo com os entrevistados, a operação ainda não cumpriu o seu papel e deve continuar. Outros 15% disseram que a investigação deve acabar e 4% não responderam. A pesquisa foi realizada nos dias 5 e 6 de dezembro com 2.948 pessoas, em 176 cidades.
Não precisa entender muito de política ou de corrupção para perceber que a Lava Jato colaborou e muito para que vários casos de desvio de dinheiro público da Petrobras fossem descobertos. Em cinco anos de atividade, a operação da Polícia Federal em parceria com o Ministério Público já soma quase 70 fases, mais de 240 condenações de 115 pessoas com penas que acumulam 2.242 anos de prisão.
O caso mais emblemático é o do ex-presidente Lula (PT) que, em janeiro de 2018, após investigação da Polícia Federal e do MP, foi condenado a 12 anos de prisão no processo do tríplex do Guarujá (SP). O petista foi detido em abril de 2018, mas foi solto no mês passado após o Supremo Tribunal Federal (STF) rever seu entendimento de 2016 sobre a legalidade da execução provisória da pena, após julgamento final em segunda instância.
A fase mais recente da Lava Jato recebeu o nome de Mapa da Mina e foi realizada na última terça-feira. A 69ª etapa investigou repasses de mais de R$ 100 milhões do grupo Oi/Telemar para empresas de Fábio Luis Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Lula.
É fato que ainda há muito o que se investigar. Uma operação como a Lava Jato, inédita no Brasil, é capaz de causar medo em muitos políticos brasileiros envolvidos com corrupção. Nem tudo acaba em pizza, nem todos ficarão impunes.
É preciso investigar, trabalhar firme em busca de provas, amedrontar aqueles que comentem crimes com o dinheiro público, só assim, quem sabe, podemos ter uma classe política honesta, que não atua com base na impunidade e que respeita a verba pública.