Levou 9 anos para que o suspeito de um crime bárbaro, que chocou não só Mogi das Cruzes, mas toda a região, fosse levado para trás das grades. Em 2010, uma garota de 13 anos foi estuprada e morta no bairro Vila Nova Estação, em Braz Cubas. O crime, no entanto, sempre foi um mistério para a polícia, tanto que, na época, um outro homem chegou a ser apontado como principal suspeito, mas não havia provas contra ele. Quase uma década mais tarde, a polícia chegou ao culpado: era um vizinho da garota que, inclusive, já possui uma vasta ficha criminal. Ou seja, o assassino sempre esteve por perto.
Infelizmente, este tipo de crime ocorre nos quatro cantos do país. Crianças e adolescentes têm a vida ceifada por estes criminosos que, em boa parte dos casos, faz parte do convívio das vítimas; amigos da família, parentes ou vizinhos.
No ano passado, uma pesquisa que avaliou a percepção da sociedade sobre a violência praticada contra as crianças e os adolescentes colocou o Brasil em primeiro lugar como o mais violento, na comparação com 13 países da América Latina. O estudo foi divulgado pela organização social Visão Mundial.
Algumas formas de violência consideradas foram o abuso físico e psicológico, trabalho infantil, casamento precoce, ameaça online e a violência sexual. No Brasil, 13% dos entrevistados enxergam que existe alto risco dessas práticas contra a criança. Em seguida, estão o México, com 11%; o Peru e a Bolívia, com 10%. As melhores percepções foram verificadas em Honduras e na Costa Rica, com 2%. Segundo a pesquisa, o sentimento do latino-americano é de que o espaço público oferece mais risco à criança, com 52% das respostas. A casa da criança ficou em segundo lugar, com 21%, seguida por escola, 13%, transporte público, 6%, e espaços religiosos, com 3%.
A garotinha mogiana foi atacada a caminho da escola, à luz do dia, no bairro onde morava. É preciso proteger as nossas crianças e adolescentes, mas não só em discurso, pelo contrário, em ações propositivas que incluam, entre elas, punições mais severas aos calhordas que ainda insistem em mexer com as nossas crianças.