O meio social em que vivemos é retratado, por sociólogos, como "sociedade do prazer". Permissiva e superficial prioriza a estética em detrimento da ética, e elege a beleza, a riqueza, a eterna juventude como temas a serem publicados na coluna social. Uma sociedade apressada como o Coelho Branco, personagem do livro de Lewis Carroll, As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, que aparece logo no início, com um relógio de bolso na mão, dizendo: "Ai, ai! Ai, ai! Estou atrasado! Estou atrasado!"
Uma multidão, se fosse possível, estaria segurando os ponteiros do relógio para não deixar o tempo passar e desejando que a rotação da Terra tivesse 48 em vez de 24 horas para dar conta das obrigações cansativas do dia a dia. A banalização do sexo, da morte, da violência e do sacro faz o ser humano passo a passo perder o respeito à vida. Não há tempo para refletir.
O homem se vê culturalmente empobrecido, as curvas românticas do coração vão se nivelando tanto pela razão que se acabam nas retas da morte em busca obsessiva das metas frustradas do sucesso. Epicuro, filósofo grego (341-269 a. C ), aponta a felicidade, em sua filosofia, como "viver é prazer"; Buda contesta afirmando que "viver é sofrer". Horace Walpole, romancista inglês do séc. XVIII, diz: "Para os que pensam, a vida é uma comédia; para os que sentem, é uma tragédia". Sendo adultos, se mantivéssemos a imaginação fértil de quando criança, suavizaríamos a realidade cruel em fantasia benfazeja, como faz o judeu Guido com seu filho Giosué no filme A Vida é Bela, dentro de um campo de concentração nazista. Comédia e tragédia andam juntas, rimos e choramos conforme a peça representada no palco da vida.
A sociedade pós-moderna está atravessando uma era de transição rápida e destruidora que faz ruir os valores sociais e espirituais que norteavam a família no passado. Da fé no absoluto, Deus, o homem buscou pela razão o relativo, e daí, perdendo a fé e descrendo da razão caiu no abismo existencial do "nada".