Alfredo Morlini esteve na Itália há sete anos. Por enquanto, ele diz que não tem planos de retornar ao país, a propósito, a principal conexão do padre com sua terra natal, o irmão Gino Morlini, faleceu no ano passado. "Eu me dava muito bem como ele. O mais importante para mim lá na Itália era o meu irmão que faleceu", lamentou.
Durante a entrevista, o sacerdote ainda relembrou do dia em que se encontrou com o papa Pio XII. Nesta hora, logo após contar sobre esta audiência com o sumo pontífice, Padre Vicente ficou alguns segundos olhando para o vazio, talvez lembrando deste dia. Depois, sorriu e disse: "Foi tão bonito".
Além do sotaque bem italiano, o padre, que vive em Mogi há mais de 40 anos, ainda mantém o hábito de ler os jornais do seu país de origem. Ao seu lado esquerdo, no sofá, estavam dois periódicos. Um deles era o LOsservatore Romano - jornal diário do Vaticano - e o La Libertà. "Leio todos os dias estes jornais. Também me inteiro das notícias da cidade e gosto muito de acompanhar os noticiários na televisão", detalhou.
O religioso vive sozinho, mas, segundo ele, uma moradora do condomínio lhe ajuda nas rotinas da casa, como cozinhar, por exemplo. Durante a entrevista, esta senhora bateu na porta para verificar se estava tudo bem. "Ah, me desculpe, não sabia que o senhor estava com visita", justificou. "Até mais, irmã", disse Vicente ao se despedir da senhora, que nem chegou a entrar no apartamento.
Já do lado direito do sofá, no braço, havia um terço, um livro pequeno e um copo de plástico com água com um canudo acoplado à tampa. Vicente diz não ter nenhum problema de saúde, mas se sente fraco. "Convivi muito com idosos e creio que, por conta desta aproximação, eu acabei sempre me prevenindo muito na questão da saúde. Sempre preservei muito a minha parte mental porque a lucidez é o mais importante. Não tenho nenhuma doença e a única coisa que eu sinto é uma fraqueza geral. Por isso, me afastei do instituto há cerca de um ano. Foi algo que aconteceu naturalmente", explicou.
Mesmo diante de uma vida menos agitada, como estava acostumado até o ano passado diante das atividades no instituto, Alfredo Morlini diz que o essencial é sempre manter a mente ocupada, longe de preocupações, principalmente. "A preocupação é um veneno. Nossa saúde está diretamente ligada à forma como nós enxergamos a vida; temos de agradecer. E, se por um acaso vir a doença, temos de nos adaptar", finalizou.