Palavras mal ditas mudam relacionamentos, acirram ânimos, encerram uma amizade e até declaram guerras. Geralmente expressadas em momentos em que os ânimos estão exaltados e num estado de extremo descontrole, são como projéteis (balas) disparados, em que, uma vez acionado o gatilho, não há mais volta e os danos são, por vezes, irreparáveis.
Palavras que, piores do que uma agressão física, ofendem e ferem a parte mais profunda da alma, pois atingem princípios adquiridos ao longo de uma formação familiar e profissional sólidas.
Lembro-me das palavras de uma personalidade política, à época governador, que, diante de uma justa reivindicação promovida pelos professores, a quem rendo minhas homenagens pelo dia comemorativo, celebrado no dia 15, proferiu a seguinte frase: "Professora não é mal paga, é mal casada".
Frase infeliz e que retratou o seu entendimento a cerca daqueles importantes profissionais, vilipendiando a imagem e desconstruindo na sociedade essa figura que deveria ser adorada.
De igual forma, recentemente, no município de Taubaté, o atual governador do Estado, impulsionado por críticas de um pequeno movimento de policiais veteranos, num ato de claro destempero, não recomendável a um estadista, referiu-se a eles como "vagabundos" e "mamadores das tetas do Estado", dizendo que fossem comer mortadela com mãe.
Vagabundo, no jargão policial, significa pessoa ociosa e que busca se sustentar subtraindo, por meios violentos ou engodo, os bens adquiridos pelos cidadãos. Por isso, atribuindo o pesado termo àqueles que, por anos, os combateram, as palavras, mal ditas, feriram "de morte" todos os veteranos, seus familiares e toda a categoria. Com a repercussão, desculpas foram pedidas, contudo, penso eu, sem serem acompanhadas por atitudes que demonstrem verdadeiro arrependimento, não serão aceitas.
Até lá, continuo a admirar os países cujo chefes de Estado e de governo reverenciam seus professores e enaltecem seus veteranos das forças de segurança nacionais.