Alguns projetos de maior envergadura, que provocam fortes impactos na vida social dos cidadãos, levam um longo tempo para se concretizarem. Como envolvem interesses múltiplos - políticos, econômicos e ambientais, para resumir alguns deles -, muitas vezes se arrastam durante anos antes de serem efetivados, e nem sempre conquistam a unanimidade. Na última quarta-feira, a Câmara de Mogi das Cruzes aprovou o projeto para a cessão da área do Centro Esportivo do Socorro para o Serviço Social do Comércio (Sesc), entidade classista que pretende construir no local um sofisticado complexo esportivo e cultural.
O desfecho da negociação, apesar de oficializada pelos poderes Executivo e Legislativo, ainda pode encontrar obstáculos no Judiciário. Numa primeira tentativa, a proposta restringia a concessão da área por um período delimitado a 99 anos, o que não é pouco, porém mantinha a propriedade do espaço nas mãos do município. A Justiça entendeu que, para isso, seria necessária a abertura de concorrência para dar oportunidade a outros interessados. A solução foi alterar o termo de concessão para cessão definitiva. Neste ponto, alguns grupos entendem que há prejuízo para Mogi, principalmente pela redução do patrimônio.
Outro exemplo ocorreu em julho do ano passado, em Suzano, quando a prefeitura inaugurou a Arena no Parque Max Feffer. Iniciada ainda no século passado, a obra ficou paralisada durante 25 anos. Sua conclusão só foi possível após a obtenção de financiamentos de R$ 13,5 milhões com a Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP). O esforço valeu a pena, pois, um ano depois da aberta, a estrutura já recolocou o nome da cidade no circuito nacional do voleibol ao sediar jogos importantes da Liga e da seleção brasileira feminina da modalidade. No caso da Arena Suzano, há uma diferença: o espaço ainda pertence ao município e todo evento lá realizado é aberto ao público.
Os dois casos ilustram, por leituras distintas, que as mudanças exigem esforço e sacrifício. Muitas vezes, para se alcançar um bem maior, é preciso ceder aos interesses próprios ou comprometer os orçamentos futuros.