Poucas vezes se viu um movimento tão rápido, ordenado e praticamente unânime por uma causa no Alto Tietê. Logo após o governo estadual, por meio da Agência Regional de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), ter anunciado, na semana passada, a ideia de instalar uma praça de pedágio na rodovia Mogi-Dutra (SP-88), no km 45, durante a apresentação da proposta de privatização de um lote de estradas no litoral paulista, a grita foi geral e automática. De bate-pronto, autoridades e moradores dos bairros que serão afetados diretamente com o pretenso pedágio, saíram em protesto contra a medida.
O primeiro a se pronunciar foi o prefeito mogiano, Marcus Melo (PSDB), que, no dia seguinte ao anúncio, enviou ofício ao governo do Estado se posicionando desfavorável à iniciativa. Fizeram coro outros prefeitos do Alto Tietê e deputados federais e estaduais. Além deles, representantes de associações de moradores dos condomínios à beira da estrada também deixaram claro a sua posição. No sábado passado, uma carreata foi realizada na rodovia para protestar. Em resumo, ninguém quer o pedágio.
Como argumento mais sensato, a justificativa recai na inconsistência da proposta, afinal a estrada que receberá as benfeitorias é a Mogi-Bertioga (SP-98) e não a Mogi-Dutra, que já foi duplicada e possui boas condições de tráfego. O próprio diretor-geral da Artesp, Giovanni Pengue Filho, mostrou desconhecimento da região ao sugerir caminhos alternativos - que não existem - para os moradores evitarem o pagamento de pedágio. Se o dirigente não detém estudos aprofundados sobre a proposta, há de se duvidar do caráter técnico do projeto.
Assim, resta encarar a ideia pelo aspecto político-econômico. Nenhuma empresa, em sã consciência vai entrar na disputa pela concessão de um lote de rodovias se não tiver uma perspectiva financeira. Não é preciso ser gênio em matemática para entender que 40 mil veículos que trafegam diariamente pela Mogi-Dutra vão render com tarifa de pedágio mais do que os 12 mil que passam pela Mogi-Bertioga no mesmo período.