Na sexta-feira passada ela voltava, em meio à noite, em uma velha Kombi, para casa! Como toda criança, na inocência de seus oito anos, enquanto se deleitava com batatas fritas, por certo sonhava com o sono benfazejo, com as estrepolias do dia seguinte, com um futuro incerto ao mais carente!
De repente veio o tiro, que a levou de nós! Foi habitar outros mundos, lá onde já moram Kauan Rozário, Kauan Peixoto, Kauê Ribeiro dos Santos, e outros coleguinhas de infortúnio, do mesmo modo, atingidos por projéteis sem rumo.
Seu matador - ao que tudo indica - um covarde qualquer, daqueles que, com medo de se identificar, ao retornar ao lar despe-se do uniforme, mas que, voltando a vestir a farda, se julga senhor supremo, acima de tudo e de todos, esmera-se em ser violento!
Dessa vez, não houve a chegada triunfal de helicóptero e a funesta "dancinha". Paradoxalmente, o governador dos fluminenses, com orgulho, exibia os feitos de sua filha - com a idade aproximada da de Ágatha Felix - que conseguira ingressar no Colégio Militar carioca.
Veio a público somente dois dias após. Em entrevista coletiva previamente convocada - e organizada para lhe servir de palco -, condoeu-se um mínimo com o pesar da família enlutada - quem assistiu ao pronunciamento comovido do avô da menor, sentiu na carne a dor dos parentes -, usando mais de uma hora no enaltecimento de sua gestão e do programa da violência explícita que o identifica.
Além da dele, também veio à luz, a fala do Presidente da República em exercício. Mourão, com discurso incoerente e insensível, nas pegadas do chefe do Executivo do Rio, fez questão de relevar a ação absurda dos policiais militares, colocando em dúvida a versão da mãe da menor, que a acompanhava no momento do infeliz acontecimento ("É aquela história, é a palavra de um contra o outro")!
De encorajamento; de pesar; de companheirismo e consolo, não se viu ou ouviu qualquer voto! No final, com certeza, o policial - se foi ele quem disparou -, será punido! R.I.P.