O rio Tietê, do qual a região pegou parte do nome, é celebrado hoje em todo o Estado. Mesmo que atualmente ele esteja completamente poluído ao chegar em São Paulo e atravessar nessa condição boa parte do território paulista, para as cidades da região ele mantém sua importância. Sua existência é ainda mais celebrada quando tomamos como base a cidade de Salesópolis, onde nasce, e em Mogi das Cruzes, que abastece parte da população, mas o que deve mesmo ser comemorado é saber que os municípios produtores de água, como é o caso da própria Salesópolis e de outras cidades da região, devem ser compensados por este 'serviço'.
Um estudo que será promovido pelo Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) irá apontar os mecanismos de compensação financeira, também conhecidos como royalties da água. Sua estrutura deve funcionar de maneira semelhante aos royalties do petróleo, modelo pelo qual as cidades produtoras, ou que possuem vias para o transporte do óleo, possam ser compensadas em razão de desastre ambiental, como é o caso de Guararema, município da região que abriga um oleoduto.
O estudo para a compensação da água se faz oportuno porque o último levantamento feito pelo SOS Mata Atlântica revelou que a condição da água em Salesópolis caiu para o conceito regular. Isso não pode ser aceito justamente na nascente do rio. A condição da água deve ser, no mínimo, boa. De certo modo, isso também não deixa de ser um desastre ambiental.
Uma cidade como Salesópolis, que é produtora de água, tem 98% do território inserido em uma área com restrição ambiental. Para um município com esta peculiaridade, fica inviável atrair grandes fábricas que possam gerar emprego, renda e arrecadação de tributos aos cofres municipais. E, se por acaso viessem, iriam acabar com a nascente do rio. Um desastre ambiental desenhado, mas não é isso que vai ocorrer.
Com a compensação financeira pela produção de água do maior rio do Estado, Salesópolis poderá investir na infraestrutura e trazer melhores condições de vida para os moradores, por que não dizer, de toda a região.